Preencher o mundo com bondade e verdade
Nossa capacidade de desenvolver e de usar nossos dons artísticos para edificar e inspirar outras pessoas depende de nossa fiel adesão aos ensinamentos do Senhor.
O propósito declarado de Deus para Seus filhos é levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem (ver Moisés 1:39). A obediência de Seus filhos aos princípios do evangelho possibilita que eles operem sua salvação individual por meio da graça e da Expiação de Jesus Cristo, Expiação essa que fazia parte do plano de nosso Pai Celestial desde o início.
Gostaria de concentrar essas ideias nos artistas que fazem parte do reino de Deus, ou talvez seria melhor dizer que gostaria de expressar essas ideias a todos os membros que começaram a reconhecer os instintos artísticos e embelezadores que cada um de nós desenvolveu em um grau ou outro. O propósito de Deus para o artista no plano do evangelho — se ele realmente difere minimamente de Seu propósito para os encanadores, eletricistas, vendedores, professores e pessoas em outras profissões — seria apenas relacionado à linguagem que os artistas ou as pessoas inclinadas à arte usam.
Artistas espiritualmente bem-sucedidos têm a oportunidade única de apresentar seus sentimentos, opiniões, ideias e perspectivas da eternidade em símbolos visuais e sonoros que são universalmente compreendidos. A grande arte toca a alma de maneiras únicas e incomuns. A arte divinamente inspirada fala a língua da eternidade, ensinando coisas ao coração que os olhos e os ouvidos nunca poderão compreender. Aristóteles disse: “O objetivo da arte é representar não a aparência externa das coisas, mas seu significado interior”.
A palavra artista não está incluída nas escrituras sagradas, mas a presença e a importância dos artistas são inconfundíveis. As escrituras incluem uma infinidade de referências a “toda espécie de trabalhos”, trabalhos esses que são descritos como sendo “muito bem [executados]” e “curiosos”. Que o processo criativo é enraizado e reverenciado no céu é evidente no uso que o Senhor faz da palavra obra para definir não apenas os feitos artísticos de seus filhos, mas os resultados de Sua própria criação:
“E eis que tu és meu filho; portanto, olha e mostrar-te-ei as obras de minhas mãos; mas não todas, porque minhas obras não têm fim nem tampouco minhas palavras, porque jamais cessam” (Moisés 1:4; grifo do autor).
O propósito de Deus para o artista é inspirar, dar-nos uma visão de nós mesmos que de outra forma não teríamos e tornar-nos melhores do que poderíamos ser. O mundo é melhor por causa das artes e dos artistas justos que nele se encontram. Na busca de se alcançar grandeza nas atividades artísticas — seja na pintura, dança, música, teatro, cinema, esculturas ou na palavra escrita — devemos sempre procurar primeiro cumprir os propósitos de Deus. “Toda grande arte é a expressão do deleite do homem na obra de Deus, não na sua própria”, disse John Ruskin, grande crítico inglês de arte do século 19.
“A Luz de Cristo”, escreveu o élder Bruce R. McConkie, do Quórum dos Doze Apóstolos, “é o meio pelo qual o Senhor convida e incita todos os homens a melhorar seu futuro, a se achegar a Ele e a receber Seu evangelho. É por meio do arbítrio que o Senhor trabalha com os homens, que Ele os encoraja a abandonar o mundo e a se achegar a Cristo; é por meio do arbítrio que os bons desejos e sentimentos são plantados no coração de pessoas decentes. É o meio da inteligência que orienta inventores, cientistas, artistas, compositores, poetas, autores, estadistas, filósofos, generais, líderes e homens influents em geral, quando põem as mãos para fazer o que é benéfico e que será uma bênção a seus semelhantes” (A New Witness for the Articles of Faith, Salt Lake City: Deseret Book Co., 1985, p. 259; grifo do autor).
O propósito de Deus para o artista e para o artista que existe dentro de cada um de nós no plano do evangelho é, em última análise, o mesmo que para todos os seus filhos: levar a efeito sua imortalidade e vida eterna. Cada um de nós deve usar nossas ferramentas, dons e oportunidades para triunfar na competição da mortalidade. Seja declarando o evangelho de maneira silenciosa e individual ou proclamando que Cristo é o Salvador com o poder de símbolos universais, devemos nos esforçar para entender nosso papel em Seus propósitos. E uma vez que todas as coisas são espirituais, somente o processo de oração e inspiração pode produzir orientação suficiente para fazer a diferença em qualquer método ou oportunidade que esteja disponível para nós.
Convidamos todos os membros, os envolvidos com a arte e os que procuram apreciar a mensagem da boa arte, a expandir sua visão do que pode ser feito. Se quisermos preencher o mundo com bondade e verdade, precisamos ser dignos de receber inspiração para que possamos abençoar a vida dos filhos de nosso Pai Celestial.
Nunca na história do mundo a verdade e a tecnologia estiveram tão disponíveis e tão preparadas para ajudar a “levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem” (Moisés 1:39). Mas nosso poder e nossa capacidade de sermos bem-sucedidos serão diretamente proporcionais à nossa fiel adesão aos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo à medida que procuramos transmitir esses ensinamentos a outras pessoas de maneiras edificantes e inspiradoras para elas.