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Capítulo 12: Encontrar e Criar Histórias Pessoais e Familiares


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Encontrar e Criar Histórias Pessoais e Familiares

Introdução

Pode ser emocionante descobrir um registro histórico de um antepassado — sobretudo se for da própria autoria dele. Esses registros podem ajudar você a desenvolver sentimentos profundos por seus antepassados e a valorizar as experiências que eles viveram. Seus registros pessoais terão o mesmo efeito sobre seus descendentes. Permitirão que você crie laços com seus familiares no futuro, mesmo que nunca venham a encontrar-se pessoalmente na mortalidade.

Para o Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985), os diários pessoais eram um legado valioso:

“Você é único, e pode haver situações de sua vida que sejam mais nobres e dignas de nota, a seu próprio modo, do que as registradas por qualquer outra pessoa. Pode haver um lampejo de inspiração aqui e uma história de fidelidade ali. Registre sua verdadeira essência e não o que os outros porventura enxergam em você.

Sua história deve ser escrita agora, enquanto está fresquinha na mente e enquanto os verdadeiros detalhes estão à mão. (…)

O que você poderia fazer de melhor para seus filhos e netos do que registrar a história de sua vida, seus triunfos sobre a adversidade, sua recuperação após uma queda, seu progresso quando tudo parecia sombrio, seu júbilo quando finalmente atingiu seus objetivos? (…)

Arranje um caderno (…), um diário que dure toda a vida, e talvez os anjos venham a fazer citações dele na eternidade. Comece hoje e escreva suas idas e vindas, seus pensamentos mais profundos, suas conquistas e seus fracassos, suas amizades e seus triunfos, suas impressões e seus testemunhos” (“The Angels May Quote from It”, New Era, outubro de 1975, p. 5).

As histórias pessoais podem incluir qualquer documento ou registro que contribua com informações sobre a vida de uma pessoa e que ajude a contar a história de sua vida. Alguns exemplos incluem diários, certidões de nascimento, casamento e óbito, certificados de realização (como diplomas e documentos de organizações diversas), cartas, fotografias e gravações em áudio e vídeo.

Além dos registros pessoais, os registros familiares são de grande valor. Os registros familiares incluem gráficos de linhagem, registros de grupo familiar, diários, documentos, fotografias, vídeos ou qualquer outro registro que ajude a contar a história de uma família.

Este capítulo examina o valor dos registros pessoais e familiares e dá sugestões sobre o que incluir em sua própria história pessoal.

Comentários

Podemos Ser Inspirados ao Ler as Histórias Pessoais de Nossos Antepassados [12.1]

Os registros familiares podem ser registros sagrados. [12.1.1]

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Élder Theodore M. Burton

Ler e ouvir histórias da vida das pessoas pode ser inspirador. O Élder Theodore M. Burton (1907–1989), dos Setenta, externou seus pensamentos sobre o diário de seu avô e sobre o valor de mantermos um diário:

“O que meu avô Burton fez por mim foi escrever um registro familiar sagrado, as placas menores de Burton ou, se preferirem, um registro familiar inspirador. Muito do que hoje consideramos escritura não passava, de certa forma, do registro das experiências pessoais de certos homens para o benefício de sua posteridade. Essas escrituras são registros familiares. Portanto, como povo devemos escrever sobre nossa própria vida e nossas próprias experiências a fim de constituir um registro sagrado para nossos descendentes. Devemos proporcionar a eles a mesma influência edificante e inspiradora que as escrituras antigas nos brindam hoje.

A vantagem de ter registros de nossos próprios progenitores imediatos é que assim podemos conhecê-los pessoalmente e sentir-nos próximos deles. Podemos identificar-nos com eles e comparar nossa vida com a deles. Eles falam a nós de uma época mais próxima à nossa e assim é natural que consigamos compreender seus problemas e a eles próprios melhor do que conseguimos entender a antiga Israel. Assim seus ensinamentos e suas experiências se tornam mais marcantes e significativos para nós, às vezes até mais do que quando lemos as escrituras antigas. Por meio desses registros sentimos o amor de nossos antepassados por Deus e Seu amor por eles e por nós. E nós, por nossa vez, repassamos a nossos descendentes essa mesma fé e determinação. Dessa forma, uma corrente de fé se desenvolve em nós e é transmitida para aqueles que seguirão nossos passos.

Atendamos à exortação feita por nossos líderes para que redijamos nossa história pessoal e assim transmitamos às gerações futuras nossa própria determinação de permanecer firmes perante Deus, pois O conhecemos e amamos. Nossos descendentes, sentindo nosso amor por eles, ficarão firmes e inamovíveis como filhos de Deus. Dessa forma, repassamos a chama da fé e do amor a Deus e sentimos em troca Seu amor por nós e por aqueles que nos seguirão” (“The Inspiration of a Family Record”, Ensign, janeiro de 1977, p. 17).

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caracteres chineses

Podemos conhecer nossos antepassados estudando seus registros pessoais.

Os registros pessoais e familiares podem ensinar e inspirar. [12.1.2]

O Élder M. Russell Ballard, do Quórum dos Doze Apóstolos, falou da inspiração que podemos receber ao lermos histórias de nossos antepassados e citou um exemplo de seu próprio legado pioneiro:

“Minha bisavó Margaret McNeil Ballard registrou em seu diário uma experiência pioneira de sacrifício que ocorreu quando ela tinha entre nove e onze anos de idade. Escreveu:

‘Depois de desembarcarmos pretendíamos seguir rumo ao Oeste, para Utah, com as companhias de carrinhos de mão Martin e Willey, mas o Élder Franklin D. Richards aconselhou meu pai a não ir com eles. Posteriormente ficamos muito gratos. (…)

A companhia à qual fomos designados tinha ido na frente e como minha mãe estava ansiosa para que eu fosse com eles, prendeu meu irmãozinho James em minhas costas com um xale. Ele tinha só quatro anos e (…) estava bastante doente, com sarampo. Mas levei-o comigo, pois minha mãe já estava ocupadíssima com os outros filhos. Acelerei o ritmo e alcancei a companhia. Viajei com eles o dia inteiro. Naquele noite, uma senhora bondosa me ajudou a tirar meu irmão das costas. Fiquei sentada com ele no colo, envolvido pelo xale, a noite inteira, só nós dois. Na manhã seguinte ele deu sinais de melhora. As pessoas do acampamento foram muito bondosas conosco e nos deram um pouco de bacon frito e pão no desjejum.

Viajamos dessa forma por cerca de uma semana, até que eu e meu irmão nos reunimos a nossa família’.

Esse breve episódio na vida de minha bisavó me ensina que nossos antepassados pioneiros deram tudo, até mesmo a vida, por sua fé, pela edificação do reino de Deus quando a Igreja estava apenas engatinhando. Ensina também que eles ajudavam, nutriam e fortaleciam uns aos outros em suas situações mais difíceis e eram muito generosos. Seus recursos materiais, como o alimento, as roupas e o abrigo, eram parcos, mas seu amor uns pelos outros e sua devoção ao Senhor e ao evangelho eram ilimitados” (Conference Report, abril de 1992, pp. 105–106; ou Ensign, maio de 1992, p. 75).

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Presidente Thomas S. Monson e irmã Monson

O Presidente Thomas S. Monson e a esposa, Frances

“Vi o nome do pai de minha esposa” [12.1.3]

O Presidente Thomas S. Monson falou da ocasião em que leu uma história escrita por seu avô sobre o pai de sua esposa:

“Meu avô paterno veio da Suécia e minha avó, da Inglaterra. Eles se conheceram no navio, na viagem para cá. Ele esperou que ela crescesse e, depois, pediu-a em casamento. Casaram-se no templo de Salt Lake e ele escreveu o seguinte no diário: ‘Este é o dia mais feliz de minha vida! Eu e a mulher que amo nos casamos para esta vida e para a eternidade no santo templo’.

Três dias depois, em 23 de abril de 1898, ele escreveu: ‘Na estação Rio Grande Oeste, tomei o trem para começar a viagem para a Escandinávia, pois fui chamado para ser missionário lá’. E ele foi para a Suécia, deixando a esposa três dias após o casamento.

Recebi o diário dele, escrito a lápis, de meu tio, que não sei por que decidiu que seria eu quem ficaria com o diário de seu pai. A frase que mais se repete no diário é ‘Estou com os pés molhados’, mas a mais bela diz: ‘Hoje visitamos a família Jansson. Conhecemos a irmã Jansson, que nos serviu um ótimo jantar. Ela cozinha bem!’ Então acrescentou: ‘Todos os filhos cantaram, tocaram gaita ou dançaram e, depois, ela pagou o dízimo. Cinco coroas para o Senhor, uma para o meu companheiro, o Élder Ipson, e uma para mim’. Depois, ele anotou o nome dos filhos da família.

Lendo essa passagem, vi o nome do pai de minha esposa entre os filhos, ele provavelmente cantou, depois tornou-se pai de uma filha única com a qual eu me casei” (Conference Report, abril de 2008, p. 112; ou A Liahona, maio de 2008, p. 111).

O Senhor conhecia Joseph Millett. [12.1.4]

O Presidente Boyd K. Packer, Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, citou trechos do diário de um pioneiro que ilustram a força e a inspiração do “verdadeiro testemunho” que exala da vida de “homens, mulheres e crianças comuns”:

“Permitam-me citar trechos do diário de Joseph Millett, um missionário pouco conhecido de um passado distante. Chamado para a missão no Canadá, ele foi até lá sozinho e a pé. No Canadá, durante o inverno, escreveu:

‘Sinto minha fraqueza. Não passo de um adolescente pobre, maltrapilho, ignorante, a milhares de quilômetros de casa, no meio de estranhos.

A promessa em minha bênção e as palavras alentadoras do Presidente Young para mim, com a fé que eu tinha no evangelho, davam-me coragem.

Muitas vezes eu me isolava no bosque (…) em algum lugar desolado com o coração pesado e os olhos rasos d’água para invocar meu Mestre em busca de força ou auxílio.

Eu acreditava no evangelho de Cristo. Eu nunca o pregara. Não sabia onde encontrá-lo nas escrituras’.

Isso não importava tanto, ‘pois tive de dar minha Bíblia para o barqueiro em Digby para poder atravessar o estreito’.

Anos depois, Joseph Millett, com sua grande família, estava passando por momentos dificílimos. Escreveu em seu diário:

‘Um de meus filhos chegou dizendo que a família do irmão Newton Hall estava sem pão nenhum naquele dia.

Dividi nossa farinha num saco para mandar para o irmão Hall. Nesse exato momento o irmão Hall apareceu.

Perguntei: “Irmão Hall, está sem farinha?”

“Irmão Millett, estamos.”

“Bem, irmão Hall, aqui está um pouco nesse saco. Separei um pouco e ia mandar para vocês. Seus filhos contaram para os meus que vocês estavam precisando.”

O irmão Hall começou a chorar. Contou que já tinha falado com outras pessoas, sem sucesso. Tinha ido ao bosque para orar ao Senhor, que o orientara a procurar Joseph Millett.

“Irmão Hall, não precisa devolver depois. Se foi o Senhor que o mandou, você não me deve nada.”

Naquela noite, Joseph Millett escreveu uma frase notável em seu diário:

‘É impossível descrever como me senti bem por saber que o Senhor sabia que havia uma pessoa como Joseph Millett’ (Diário de Joseph Millett, manuscrito, Arquivos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City).

O Senhor conhecia Joseph Millett. E conhece todos os homens e mulheres como ele, que são muitos” (Conference Report, abril de 1980, p. 84; ou Ensign, maio de 1980, p. 63).

Pesquisar registros na Biblioteca de História da Família. [12.1.5]

A Biblioteca de História da Família da Igreja em Salt Lake City, Utah, conta com um grande número de histórias de família, árvores genealógicas e outros registros familiares de todo o mundo. Esses recursos estão disponíveis para o público e podem ser utilizados logo no início de suas buscas por registros pessoais e de história da família. Como a maioria das bibliotecas, a Biblioteca de História da Família tem um catálogo de seu acervo, conhecido como Catálogo da Biblioteca de História da Família (FHLC).

O FHLC, parte do software FamilySearch da Igreja, está disponível em centros de história da família e na Internet para uso em casa. O FHLC lista e descreve os registros, livros, microfilmes e microfichas existentes na Biblioteca de História da Família. Depois de identificar um microfilme ou uma microficha, você pode requisitá-lo para uso em centros de história da família de todo o mundo.

A Biblioteca de História da Família tem três tipos de registros:

  1. Registros originais incluem testamentos; escrituras; censos; diários; certidões de nascimento, casamento e óbito; registros de igrejas e outros registros dessa natureza.

  2. Registros compilados incluem histórias de família publicadas, histórias de comunidades, coleções de registros de grupo familiar e outras coletâneas de informações sobre pessoas, famílias ou lugares.

  3. Materiais de referência incluem mapas, catálogos, enciclopédias, dicionários, índices de histórias, genealogias, coleções de microfilmes e assim por diante. Os materiais de referência costumam conter informações importantes sobre como usar os registros originais e compilados.

Pesquisar registros na Biblioteca de História da Igreja. [12.1.6]

A Biblioteca de História da Igreja em Salt Lake City, Utah, possui milhares de documentos desde os primeiros anos da Igreja, inclusive histórias pessoais de muitos santos dos últimos dias. O acervo também inclui manuscritos, livros, registros da Igreja, fotografias, histórias orais, croquis, folhetos, jornais, periódicos, mapas, microfilmes e materiais audiovisuais. Os materiais não podem sair do local e só podem ser consultados na Biblioteca de História da Igreja.

A Biblioteca de História da Igreja está aberta ao público em geral. Os catálogos de livros e arquivos foram automatizados e inicialmente só podiam ser consultados no local, mas estão sendo preparados para acesso pela Internet. Para obter informações atualizadas sobre a biblioteca e seus serviços, acesse LDS.org/churchhistory/library.

As cópias das bênçãos patriarcais também estão arquivadas na Biblioteca de História da Igreja, e você pode solicitar cópias de sua própria bênção ou da bênção de antepassados falecidos em linha direta. Isso pode ser feito pela Internet. Basta ir a LDS.org, clicar em Entrar/Ferramentas e depois clicar em Bênção Patriarcal e seguir as instruções.

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A Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City

Biblioteca de História da Igreja em Salt Lake City, Utah

As Histórias Pessoais e Familiares Têm Valor para Nós e Nossos Descendentes [12.2]

“Redigiu-se um livro de recordações” [12.2.1]

Adão e seus descendentes redigiram um “livro de recordações” por saberem que seria importante para as gerações futuras (ver Moisés 6:4–6). Moisés também manteve um registro que se tornou parte da Bíblia (ver Moisés 1:40–41).

Pode ser que você não receba a incumbência de registrar a história da interação de Deus com Seu povo em nossos dias, mas você é incentivado a manter um registro de sua própria história e de seu relacionamento pessoal com Deus. O Élder Theodore M. Burton ensinou: “Nem tudo o que fazemos é importante. Nem tudo o que escrevemos é importante. Nem tudo o que pensamos é importante. Mas ocasionalmente nós estamos em sintonia com Deus. Às vezes recebemos inspiração sem nem mesmo nos darmos conta. Nessas ocasiões, o Senhor sussurra coisas em nossa mente, e o que escrevemos em seguida pode servir de inspiração para um de nossos descendentes. Se escrevermos pelo Espírito e eles lerem pelo Espírito, haverá uma comunicação divina entre nós e eles, o que tornará nossas palavras significativas e uma fonte de inspiração para nossos descendentes” (“The Inspiration of a Family Record”, Ensign, janeiro de 1977, p. 17).

Os profetas nos aconselham a manter registros detalhados. [12.2.2]

Os profetas do passado e de hoje nos incentivam constantemente a manter um registro de nossa vida. O Presidente Wilford Woodruff (1807–1898) manteve um diário pessoal por mais de 60 anos, e muito do que sabemos da história do início da Igreja vem de seus escritos. Em certa ocasião, ele incentivou os membros da Igreja a seguir os conselhos tanto do Profeta Joseph Smith quanto do Presidente Brigham Young de mantermos um registro sagrado:

“Será que não devemos manter um diário, um registro, uma história da interação de Deus [conosco] no cotidiano? Devemos. (…)

O Profeta Joseph sempre recomendava que o sacerdócio mantivesse um registro de todos os seus atos oficiais. (…)

O Presidente Brigham Young também ensinou esse mesmo princípio, desde que se tornou presidente da Igreja, no tocante a todas as nossas ordenanças, investiduras, nossos selamentos e atos oficiais. Ele deseja que sejamos meticulosos nesses registros.

(…) Todos devem manter um diário de seu relacionamento com Deus e de seus atos oficiais e manter uma verdadeira História dos Acontecimentos desta grandiosa dispensação. (…)

Irmãos, todos os dias fazemos história. Que essa história seja boa. Pratiquemos atos de retidão para que, quando forem registrados, nos tragam satisfação seja no tempo seja na eternidade” (Wilford Woodruff’s Journal, 1833–1898, texto datilografado, ed. Scott G. Kenney, 9 vols., 1983–1985, vol. 6, pp. 22–23, 25; o uso das iniciais maiúsculas foi mantido como no original).

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jovem africana escrevendo no diário

Se você escrever um diário pessoal, abençoará a si mesmo, bem como sua posteridade.

Os diários e as histórias familiares têm grande valor. [12.2.3]

Expressar-se por escrito tem grande valor pessoal. O Élder L. Edward Brown, na época membro dos Setenta, escreveu sobre como um diário pode nos ajudar a ver a mão do Senhor em nossa vida: “Há algo no ato de escrever no diário que nos faz meditar, renovar nossos compromissos e receber impressões espirituais no decorrer desse processo de reflexão. Com frequência teremos motivos para nos regozijarmos ao vermos o quanto o Senhor, de modo tão sensível, Se envolve para nos guiar e zelar por nós, assim como pelas pessoas a quem estimamos e amamos” (“Bring Your Mission Home with You!” Ensign, dezembro de 2000, p. 16).

Nas sessões da conferência geral de abril de 1978, o Presidente Spencer W. Kimball pediu a todos os membros da Igreja que deixassem um registro escrito de sua vida: “Exorto todos os membros desta Igreja a prestar muita atenção à história de sua família, a incentivar seus pais e avós a escrever um diário e a não permitir que nenhuma família entre na eternidade sem ter deixado suas memórias para os filhos, netos e o restante da posteridade. Trata-se de um dever e uma responsabilidade” (Conference Report, abril de 1978, p. 4; ou Ensign, maio de 1978, p. 4).

Ao fazer outro discurso nessa mesma conferência, o Presidente Kimball falou do valor espiritual de escrever um diário: “Rogo que sigam os conselhos recebidos no passado e mantenham um diário pessoal. Quem mantiver um livro de recordações estará mais propenso a lembrar-se do Senhor no cotidiano. O diário é uma maneira de contar nossas bênçãos e deixar um inventário delas para nossa posteridade” (Conference Report, abril de 1978, p. 117; ou Ensign, maio de 1978, p. 77).

Toda vida tem acontecimentos interessantes. [12.2.4]

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Presidente Spencer W. Kimball

Para aqueles que talvez achem que sua vida é banal e sem maiores emoções, o Presidente Spencer W. Kimball ensinou:

“Muitas vezes as pessoas lançam mão da desculpa de que sua vida é corriqueira e que ninguém se interessaria por suas ações. Mas prometo-lhes que se mantiverem diários e registros, certamente serão fonte de grande inspiração para sua família, seus filhos, seus netos e assim por diante, por várias gerações.

Cada um de nós é importante para aqueles que estão próximos e que nos são caros e, quando nossa posteridade ler sobre nossas experiências de vida, eles também vão nos conhecer e nos amar. E no glorioso dia em que nossa família estiver unida nas eternidades, já nos conheceremos” (“President Kimball Speaks Out on Personal Journals”, Ensign, dezembro de 1980, pp. 60–61).

Proteção pela intervenção divina [12.2.5]

O Élder Theodore M. Burton contou uma experiência em que incentivou um amigo a redigir a história pessoal de sua família:

“No decorrer do ano passado, nossos líderes da Igreja envidaram grandes esforços para incentivar os membros da Igreja a escrever sua história pessoal. Muitos o fizeram e assim trouxeram muita alegria não só para si mesmos, mas também para a família. Mas muitos outros simplesmente se recusaram a tomar parte dessa iniciativa. Ouvi homens dizerem: ‘Não sou ninguém. Nunca fiz nada de interessante. Quem ia querer ler algo sobre mim?’ O que essas pessoas não conseguem entender é que sua vida está cheia de histórias interessantes.

Incentivei um bom amigo a escrever sua história e ele deu as mesmas desculpas, dizendo ninguém se interessaria por ele. Diante de minha insistência, ele escreveu um relato bem curto de sua vida, talvez só para me mostrar que não fizera nada de extraordinário. Se você fosse filho, neto ou bisneto dele, será que se interessaria pelas seguintes palavras, que tirei palavra por palavra dos escritos dele? (…)

‘Jamais esquecerei o momento em que o irmão Ottosen e eu estávamos prestes a ir à casa da família Sandman para dar uma aula bíblica. Eles viviam bem longe da estação ferroviária, assim nos deram instruções para pegarmos um atalho. Percorremos certa distância a pé e, à luz do luar, conseguíamos ver muito bem o caminho. De repente uma nuvem negra encobriu a lua e não conseguimos enxergar mais nada. Tentamos seguir em frente, mas era simplesmente impossível, assim demos meia volta. Voltamos à cidade e pegamos a estrada principal. Com isso chegamos com meia hora de atraso. Pedimos desculpas e fizemos a reunião. Depois pernoitamos lá. Na manhã seguinte, refizemos nossos passos. Quando chegamos ao lugar onde havíamos parado na noite anterior, vimos que nossas pegadas levariam à beira de uma pedreira com 30 metros de profundidade. Se algo não nos tivesse detido, teria sido nosso fim. Um anjo deve ter passado por lá para nos proteger e assim nos permitir terminar nosso trabalho aqui na Terra’.

(…) Pense no significado disso para um neto desse bom homem. Sem a intervenção dos sussurros do Espírito Santo para aqueles humildes élderes, esse neto jamais teria nascido na família em que nasceu” (“The Inspiration of a Family Record”, Ensign, janeiro de 1977, pp. 15–16).

Deixe um Registro de Sua Vida Que Reflita Sua Fé em Deus e Seu Testemunho da Influência Dele em Sua Vida a Fim de Inspirar a Fé Alheia [12.3]

Registre as bênçãos que receber do Senhor. [12.3.1]

Quando você presta testemunho na família e na Igreja, o Espírito Santo pode acompanhar suas palavras (ver 2 Néfi 33:1). O Espírito também pode acompanhar sua expressão escrita de fé e testemunho e pode ser sentido pelos leitores que estão em sintonia com Ele. Seus registros devem contar não só a história de sua vida, mas também como você desenvolveu fé em Deus.

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Presidente Henry B. Eyring

O Presidente Henry B. Eyring propôs uma maneira de recordarmos e registramos experiências espirituais: “Ao começarem a escrever, podem perguntar a si mesmos: ‘Como Deus me abençoou hoje?’ Caso o façam por tempo suficiente e com fé, verão que se lembrarão de muitas bênçãos. E às vezes virão à mente dádivas que passaram despercebidas durante o dia, mas que depois vocês reconhecerão como um toque da mão de Deus em sua vida” (Conference Report, outubro de 1989, p. 15; ou Ensign, novembro de 1989, p. 13).

Em outra ocasião, o Presidente Eyring explicou como o hábito de registrar as bênçãos recebidas do Senhor abençoou a ele e sua família:

“Quando nossos filhos ainda eram pequenos, passei a anotar alguns acontecimentos do nosso cotidiano. (…)

Escrevi algumas linhas diariamente durante anos. Eu não falhei um único dia, por mais cansado que estivesse ou por mais cedo que precisasse acordar no dia seguinte. Antes de redigir, refletia sobre a pergunta: ‘Vi hoje a mão de Deus se estender sobre nós, nossos filhos ou sobre a família?’ Com a continuidade, algo começou a acontecer: Ao relembrar o dia, via evidências do que Deus fizera por algum de nós e que eu não reconhecera nos momentos mais atarefados. À medida que isso ocorria — e era frequente — percebi que esse esforço de memória permitiria a Deus mostrar-me o que Ele realizara.

Algo mais do que a simples gratidão começou a crescer em meu coração: meu testemunho aumentou; adquiri uma certeza ainda maior de que o Pai Celestial ouve e responde a nossas orações; senti maior gratidão pelo efeito enternecedor e purificador da Expiação do Salvador Jesus Cristo, e fiquei mais confiante de que o Espírito Santo pode fazer-nos lembrar de tudo, mesmo coisas que não notamos ou que não nos chamaram a atenção quando aconteceram.

Passaram-se os anos, meus meninos hoje são homens feitos. E, de vez em quando, um deles me surpreende, ao dizer: ‘Pai, eu estava lendo o meu diário da época em que…’ e então me conta como a leitura de algo ocorrido há tanto tempo o ajudou a perceber algo feito por Deus em sua própria época” (Conference Report, outubro de 2007, p. 70; ou A Liahona, novembro de 2007, p. 66).

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Vi uma Luz

A história da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias começou com o relato de Joseph Smith sobre sua indecisão no tocante a qual igreja se filiar.

Nossa vida contém histórias de grande importância. [12.3.2]

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Élder Marlin K. Jensen

O Élder Marlin K. Jensen, dos Setenta, que também serviu como Historiador da Igreja, ressaltou que a história da Igreja começou com o relato de um rapaz e a atuação de Deus em sua vida:

“Alguém disse, certa vez, que um povo não pode ser maior que sua própria história. A história da Igreja começa com o relato emocionante de Joseph Smith e sua busca pela Igreja verdadeira. Quando acreditamos no relato de Joseph, tornamo-nos parte de um corpo maior de crentes cuja vida é modificada ao abraçar o evangelho restaurado. Essa experiência se torna uma parte muito importante de nossa herança comum como santos dos últimos dias. Também ajuda a explicar por que os primórdios da história da Igreja são tão cruciais para a existência e o crescimento e vitalidade contínuos da Igreja.

Há outros relatos extraordinários em nossa história que merecem ser conhecidos e tornar-se objeto de ponderação, tanto na Igreja quanto no lar. As lições de Kirtland, os obstáculos do Missouri, os triunfos e a final expulsão dos santos de Nauvoo, assim como a jornada dos pioneiros em direção ao Oeste, são histórias que inspiram os santos dos últimos dias de todos os lugares e de todos os idiomas. Mas também há histórias igualmente emocionantes sobre o nascimento e o progresso da Igreja, e o impacto que o evangelho exerceu na vida de membros comuns em cada nação tocada pelo evangelho restaurado. Essas coisas precisam também ser registradas e preservadas” (“Um Registro Será Escrito entre Vós”, A Liahona, dezembro de 2007, p. 26).

Use as Tecnologias Modernas para Compilar, Exibir e Compartilhar Registros Pessoais e Familiares [12.4]

Os registros familiares podem unir a família. [12.4.1]

Antes do uso dos computadores pessoais, os métodos para criar, coletar e preservar os registros de história da família eram muito mais trabalhosos em comparação com os existentes hoje. As tecnologias atuais podem vir a tornar-se obsoletas em poucos anos, mas ainda assim você tirar proveito dos muitos recursos disponíveis para gravação, cópia e preservação dos registros de história da família. Seus descendentes podem considerar ultrapassadas nossas invenções modernas, mas os registros que deixarmos será de grande valor para eles. Eles também poderão utilizar as tecnologias modernas deles para preservar nossos registros.

Seus registros pessoais podem assumir muitas formas, entre as quais:

  • Coletâneas: Fotografias, gravações de áudio e vídeo, álbuns de recortes, desenhos, artes, artesanato, amostras de hobbies e passatempos, documentos, prêmios, certificados, arquivos de computador e documentos.

  • Histórias orais: Histórias, entrevistas e histórias gravadas em dispositivos de áudio ou vídeo ou transcritas.

  • Registros curtos: Agendas, cronologias, bilhetes, esboços, cartas, relatos breves de pensamentos e atividades e esboços biográficos (1–5 páginas) em papel ou em formato eletrônico.

  • Registros escritos mais longos: Diários; registros de viagens; ensaios pessoais sobre pensamentos, sentimentos e acontecimentos; correspondências (inclusive cartas missionárias), e-mails e blogs (que podem ser impressos, compilados e salvos); histórias pessoais curtas; histórias pessoais completas; e biografias e autobiografias longas em papel ou em formato eletrônico.

Hoje em dia, é possível preservar e transportar com comodidade e ocupar pouco espaço com uma quantidade enorme de informações de história da família, como em CDs, DVDs, pendrives, telefones celulares e discos rígidos de computadores portáteis. O trabalho de história da família está se tornando mais fácil de fazer, mais de simples de entender e mais conveniente de compartilhar com os outros por causa de avanços da tecnologia moderna.

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mulheres olhando fotografias de família

Registre Sua História Pessoal [12.5]

O primeiro passo para escrever sua história pessoal é simplesmente começar. [12.5.1]

A seguir estão algumas ideias sobre o que escrever em sua história pessoal. Adapte-se a suas circunstâncias pessoais.

Nascimento e primeiros anos: Os pais, descrição física dos pais e de você, personalidade, datas e locais importantes, condições que cercaram seu nascimento, histórias interessantes, irmãos, amigos e parentes.

Infância: Escolas, o primeiro dia na escola, professores marcantes, aulas, atividades, realizações, acontecimentos engraçados, animais de estimação, coisas que você gostava de fazer, jogos, lugares que você gostava de frequentar, passatempos, recreação, brinquedos, amigos, talentos, aulas particulares, esportes, igreja, desenvolvimento espiritual, músicas favoritas, discursos, orações pessoais, escrituras, roupas, responsabilidades em casa, oportunidades, gostos e aversões, vida familiar, casas, viagens, férias, finanças, bairros, experiências espirituais e companhias edificantes, projetos, entretenimento, dificuldades, provações, acidentes, consultas médicas, operações, avós, primos, outros parentes, pessoas influentes, lições aprendidas, aniversários, feriados, objetivos e aspirações.

Juventude: Escolas frequentadas, atividades escolares, aulas, professores, disciplinas, atividades extracurriculares, amigos, honras, realizações de transporte para a escola, automóveis pessoais ou da família, talentos, música, esportes, filmes, igreja, Rapazes ou Moças, ordenações, avanços, atividades, discursos, grupos e classes de jovens, seminário, metas, chamados na Igreja, professores influentes, experiências espirituais, lições aprendidas, leitura das escrituras, casas, passatempos, interesses, o que você gostava de fazer depois da escola ou nos fins de semana, empregos, experiências profissionais, o que você fazia com o dinheiro ganho, férias e viagens, características da sociedade, moda, bailes, grupos musicais, celebridades, ensinamentos das Autoridades Gerais e acontecimentos no noticiário local, nacional e mundial.

Missão: Preparação e desejo de servir, entrevistas, o chamado, descrição da missão, companheiros, líderes, áreas de serviço, pessoas ensinadas, experiências espirituais, dificuldades, sucessos, alegrias, transporte, condições de moradia, alimentação, volta para casa e testemunho.

Namoro e casamento: Como vocês se conheceram, circunstâncias, primeiras impressões, primeiro encontro, o amor crescente, experiências especiais durante o namoro, como e quando você soube que essa era a pessoa com a qual queria se casar, o pedido de casamento, a apresentação aos pais, o período de noivado, planos, atividades, metas e aspirações, desafios, experiências espirituais, casamento, convidados do casamento, sentimentos especiais e detalhes sobre a festa de casamento e demais comemorações.

Serviço Militar: Data de início, motivos, áreas de treinamento e serviço, atividade na Igreja, eventos e realizações, lições aprendidas, pessoas influentes, atitude em relação ao serviço e sentimentos sobre patriotismo.

Faculdade ou treinamento profissional: Ensino superior, faculdades ou cursos profissionalizantes, áreas especiais de estudo ou formação, títulos, primeiro emprego, como obteve, onde, salário inicial e benefícios, sentimentos, crescimento pessoal, responsabilidades, promoções, outros empregos, transferências, novas áreas de atuação e atividade na igreja durante esses anos.

Vida conjugal e filhos: Mudança, primeira casa, condições financeiras, planejamento para os filhos, atividades especiais em conjunto, metas e sonhos, nascimento dos filhos, desafios, sucessos, chamados e atividades da Igreja, experiências espirituais, aniversários e outras datas especiais, viagens juntos, parentes, trabalho, experiências na criação dos filhos, noites familiares e férias.

Meia idade: Acontecimentos interessantes, lugares visitados, realizações, provações, experiências espirituais, serviço e experiências na igreja, serviço cívico, crescimento da família, desenvolvimento de habilidades, talentos, passatempos, novos interesses, testemunho e conhecimento do evangelho, situações engraçadas, ocasiões especiais, aniversários, crescimento técnico e profissional, conquistas, mudanças, ajustes, filosofia, experiências especiais com cônjuge e filhos, problemas inesperados e como você lidou com eles e intuições.

Aposentadoria: Término da vida profissional, descrição da aposentadoria, resumo dos anos e áreas de trabalho, como você usa o tempo livre, serviço e experiências na Igreja, metas e desejos, netos, férias e viagens, conselhos para as pessoas, observações sobre a vida e o progresso, crescimento e entendimentos espirituais contínuos, saúde e condicionamento físico.

Seu registro sagrado: Testemunho, pensamentos, sentimentos, experiências, resumo da vida, filosofia, bênçãos do Senhor, desejos, metas, esperanças, legado, fé, crenças, conhecimento, tradições e ordenanças do sacerdócio recebidas ou conferidas.

Perguntas para Refletir

  • De que modo sua vida foi influenciada ao estudar a história de um ou mais de seus antepassados?

  • Que acontecimentos de sua vida você mais gostaria de levar ao conhecimento de sua posteridade?

  • Que registros familiares você possui e como vai preservá-los?

Designações Sugeridas

  • Escreva sobre uma experiência de sua vida que, a seu ver, seria interessante ou inspiradora para seus descendentes lerem.

  • Crie uma linha cronológica com acontecimentos importantes de sua vida fazendo uma lista de datas ou períodos com uma ou duas frases para descrever cada item.

  • Comece agora a preparar sua história pessoal. Planeje uma noite familiar especialmente para trabalhar em sua história familiar. Caso já não esteja fazendo isso, comece a escrever um diário pessoal para registrar os acontecimentos importantes do restante de sua vida.

Recursos Adicionais

  • Theodore M. Burton, “The Inspiration of a Family Record”, Ensign, janeiro de 1977, pp. 13–17.

  • Spencer W. Kimball, “President Kimball Speaks Out on Personal Journals”, Ensign, dezembro de 1980, pp. 60–61.

  • Sydney S. Reynolds, “Um Deus de Milagres”, A Liahona, julho de 2001, p. 12.