As Dádivas do Natal

Nascido num estábulo, tendo como berço uma manjedoura, Ele veio do céu para viver na Terra como homem mortal e estabelecer o reino de Deus. Durante Seu ministério terreno, Ele ensinou aos homens a lei maior. Seu evangelho glorioso reformou o pensamento do mundo. Ele abençoou os doentes. Fez o coxo andar, o cego ver, o surdo ouvir e chegou a trazer os mortos de volta à vida.

Qual foi a reação do povo ante Sua mensagem de misericórdia, Suas palavras de sabedoria, Suas lições de vida? Houve alguns, poucos e valiosos, que O apreciaram. Banharam-Lhe os pés. Aprenderam Sua palavra. Seguiram Seu exemplo.

Através das gerações do tempo, a mensagem de Jesus é sempre a mesma. A Pedro, nas praias da bela Galiléia, Ele disse: “Vinde após mim”.²A Filipe, fez o chamado: “Segue-me”.³Ao Levita, sentado na recebedoria, deu a instrução: “Segue-me”.⁴E para nós, se Lhe dermos ouvidos, fará o mesmo convite: “Segue-me”.

Ao seguirmos Seu exemplo hoje, também nós teremos a oportunidade de abençoar a vida de outras pessoas. Jesus nos convida a darmos de nós mesmos: “Eis que o Senhor requer o coração e uma mente solícita”.⁵

Nossas oportunidades de darmos de nós mesmos são de fato ilimitadas, mas são também passageiras. Há corações que precisam ser alegrados. Há palavras bondosas a serem proferidas. Há dádivas que precisam ser concedidas. Há ações que precisam ser realizadas. Há almas a serem salvas. “Ide, alegrai ao solitário e tristonho; Ide, confortai os que choram e os desconsolados; Ide, espalhai sempre boas ações; Oh, tornai mais resplandecente o mundo!”⁶

Um sábio cristão certa vez aconselhou: “Não gastemos o Natal; antes conservemo-lo”.⁷Quando conservamos o espírito de Natal, conservamos o espírito de Cristo, pois o espírito de Natal é o espírito de Cristo.

Nessa época do ano minha família sabe que vou ler meus livros de Natal preferidos e ponderar as extraordinárias palavras de seus autores. O primeiro será o Evangelho de Lucas — sim, a história do Natal. Então será a vez de Contos de Natal, de Charles Dickens, e por fim The Mansion (A Mansão) de Henry Van Dyke.

Sempre tenho que enxugar os olhos ao ler esses escritos inspirados. Eles tocam profundamente minha alma, assim como irão tocar a sua.

Escreveu Dickens: “Sempre pensei na época do Natal, toda vez que ela chega — (…) como uma época boa: uma época agradável de bondade, perdão e caridade; a única época, segundo me consta, de todo o longo calendário anual, em que homens e mulheres parecem abrir espontânea e liberalmente o coração fechado e pensar sobre as pessoas menos afortunadas verdadeiramente como companheiras na jornada para a sepultura, e não como uma raça de criaturas à parte destinadas a outros tipos de caminhos”.⁸

Em seu clássico Contos de Natal, o agora arrependido personagem de Dickens, Ebenezer Scrooge, finalmente declara: “Honrarei o Natal em meu coração e lembrar-me-ei dele o ano todo. Viverei no Passado, no Presente e no Futuro. Os Espíritos desses três estarão sempre comigo. Não fecharei meu coração para as mensagens que cada um deles ensina”.⁹

Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo — Aquele que foi um homem sobrecarregado “[de] dores, e experimentado nos trabalhos”¹⁰— fala a cada coração aflito e concede a dádiva da paz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.¹¹

Ele envia Suas palavras por intermédio dos missionários que servem em todo o mundo, proclamando o evangelho de boas novas e Sua saudação de paz. Perguntas intrigantes como: “De onde vim?”, “Qual o propósito da existência?”, “Para onde irei depois da morte?” são respondidas por Seus servos especiais. A frustração e a dúvida desaparecem e o assombro diminui quando a verdade é ensinada com ousadia, mas em espírito de humildade, por aqueles que foram chamados para servir ao Príncipe da Paz — o Senhor Jesus Cristo. Sua dádiva é concedida individualmente: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”.¹²

Permitam-me compartilhar vários outros exemplos de verdadeira doação que aprendi com as experiências dos três mais recentes Presidentes da Igreja, com os quais tive ou tenho o privilégio de servir como conselheiro.

Em primeiro lugar, com o Presidente Ezra Taft Benson (1899–1994): Ele descreveu uma designação que havia recebido do Presidente da Igreja depois da Segunda Guerra Mundial. O Presidente Benson deveria deixar a esposa e a família para visitar os sofridos membros da Igreja na Alemanha e em outras nações. Por intermédio do divinamente inspirado programa de bem-estar, ele literalmente alimentou os famintos, confortou os aflitos e elevou espiritualmente todos aqueles com os quais se encontrou. Anos mais tarde, em um serviço dedicatório em Zwickau, na Alemanha, um membro idoso com os olhos marejados disse-me: “Por favor, diga ao Presidente Benson que nós o amamos. Ele salvou nossa vida: a minha, da minha esposa, de meus filhos, e muitas, muitas outras. Ele foi um anjo enviado por Deus para literalmente restaurar-nos a esperança e a confiança no futuro. Diga-lhe que o amamos”.

Em segundo lugar, com o Presidente Howard W. Hunter (1907–1995): Em certa ocasião, o Presidente Hunter teve que enfrentar uma situação particularmente trágica e difícil. Depois de algum tempo, ele afirmou: “Sempre gostei de edificar as pessoas em vez de criticá-las, para mostrar-lhes o modo do Senhor, para que possam segui-Lo”. Posteriormente, a dádiva do perdão, a dádiva da compaixão e a dádiva do incentivo foram gratuitamente concedidas ao casal em dificuldades por aquele líder santo.

Em terceiro lugar, com o Presidente Gordon B. Hinckley: O Presidente Hinckley é um profeta e Presidente que viaja bastante. Sua presença, exemplo e testemunho têm sido compartilhados em todo o mundo. Cerca de cinco anos atrás ele estava voltando de uma visita à área sudeste dos Estados Unidos, onde havia falado para dezenas de milhares de pessoas. Na manhã que seguiu-se ao seu retorno, o Presidente Hinckley disse que estava sentindo-se um pouco cansado. Então, sem resfolegar, comentou: “Fiquei sabendo do terrível sofrimento das pessoas na América Central por causa das enchentes avassaladoras que tragaram casas, campos e muitas pessoas. Sinto que é necessário visitar a área atingida, e assim eu, junto com o Élder L. Tom Perry e o Bispo H. David Burton partiremos de avião dentro de dois dias para essa visita”. Revisamos com ele as informações sobre os suprimentos que já haviam sido enviados e recebidos nos pontos de distribuição, além daqueles que estavam a caminho por via aérea ou de navio.

O Presidente Hinckley voltou de sua viagem de três dias muito feliz com um programa de bem-estar que funciona. Encontrou-se com os membros. Encontrou-se com os missionários. Cumprimentou multidões de pessoas que trabalhavam na limpeza dos detritos que um dia haviam sido lares.

O Presidente Hinckley encorajou-os e assegurou-lhes que mais ajuda iria chegar; porém, mais que isso, ele deu de si mesmo a eles. Expressamos gratidão ao Pai Celestial por termos um profeta assim.

Durante uma vida inteira de contato com o Presidente Hinckley, sei que ele é um mordomo sábio e prudente em relação aos sagrados fundos da Igreja. Ele tem aversão ao desperdício e a extravagâncias. Entretanto, jamais vi o Presidente Hinckley rejeitar os necessitados, os famintos, os aflitos, ou os oprimidos. Ajudar é nosso sagrado dever. Os alimentos, o abrigo e a assistência prestada são gratuitamente concedidos para que o sofrimento seja aliviado, corações sejam alegrados e vidas sejam salvas.

Não há melhor ocasião que agora, a época de Natal, para que todos nos redediquemos aos princípios ensinados por Jesus Cristo. É a época de amarmos ao Senhor, nosso Deus, de todo nosso coração — e ao nosso próximo como a nós mesmos. É bom lembrar que aquele que dá dinheiro, dá muito, aquele que dá de seu tempo, dá ainda mais, mas aquele que dá de si mesmo, dá tudo o que tem de valor. Que essa seja a descrição de nossos presentes de Natal.

Depois de preparar-se em espírito de oração, compartilhe essa mensagem utilizando um método que incentive a participação daqueles a quem estiver ensinando. Seguem-se alguns exemplos:

1. Peça aos membros da família que relatem ocasiões em que tiveram que dar de si mesmos na época do Natal. Leiam juntos a seção “Seu Convite”. Incentive os membros da família a seguirem o exemplo do Salvador ao darem presentes este ano.

2. Dê uma dádiva pessoal a cada família que você ensina. Depois convide os membros da família a lerem acerca dos exemplos de doação na seção “Doação Verdadeira”. Leia em voz alta o último parágrafo da mensagem e preste testemunho das dádivas que o próprio Salvador lhe concedeu.