Autossuficiência: Uma Medida do Verdadeiro Discipulado

Em seu primeiro discurso na Conferência Geral como profeta e presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o presidente Russell M. Nelson exortou e até implorou:

“Irmãos e irmãs, como podemos nos tornar os homens e as mulheres — os servos cristãos — que o Senhor precisa que sejamos? Como podemos encontrar respostas para perguntas que nos deixam perplexos? … Que sabedoria lhes tem faltado? O que vocês sentem uma necessidade urgente de saber ou de entender?

“Encontrem um lugar calmo onde possam ir regularmente. Humilhem-se diante de Deus. Abram seu coração para seu Pai Celestial … Orem em nome de Jesus Cristo sobre suas preocupações, seus medos, suas fraquezas — sim, os anseios de seu coração. E então escutem! Escrevam os pensamentos que vierem à sua mente. Registem seus sentimentos e prossigam de acordo com as ações que forem inspirados a realizar.

“… Prometo que, ao continuarem a ser obedientes, expressando sua gratidão por todas as bênçãos que o Senhor concede, e, ao honrarem pacientemente o tempo do Senhor, vocês receberão o conhecimento e a compreensão que procuram. Todas as bênçãos que o Senhor tem para vocês — até mesmo milagres — acontecerão.

“Escolham fazer o trabalho espiritual necessário para desfrutar o dom do Espírito Santo e ouvir a voz do Espírito com mais frequência e de modo mais claro”¹.

Nesse apelo fervoroso a todos os membros da Igreja, o Presidente Nelson nos lembrou a chave do crescimento pessoal. Ele testificou e ecoou o convite pessoal do Salvador Jesus Cristo:

“Estai em mim, e eu em vós. Como o ramo de si mesmo não pode dar fruto, se não estiver na videira; assim nem vós, se não estiverdes em mim.

Eu sou a videira, vós, os ramos; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. …

Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.

Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”².

O caminho para a autossuficiência espiritual e temporal duradoura é pavimentada por cada discípulo que age com fé no Salvador Jesus Cristo. A fé leva os verdadeiros discípulos de Cristo a desenvolver o desejo de seguir o convite do Salvador de permanecer nEle, “[tomar Seu] jugo sobre eles e [aprender Dele]”³. Tomar Seu jugo sobre nós é usar Seus caminhos para resolver nossos problemas e lidar com os nossos desafios. Metaforicamente falando, ficamos presos a Ele à medida que Seus caminhos se tornam nossa maneira de puxar os encargos que carregamos na vida. À medida que nos familiarizamos com Sua humildade e paciência diante de desafios difíceis, nossa esperança é rejuvenescida e crescemos para Seu caráter, sendo “mansos e humildes de coração”⁴. “Descanse em [nossa] alma” depois segue quando o Espírito Santo vem sobre nós, fornecendo-nos uma nova direção e nova coragem, permitindo-nos fazer coisas que nunca antes pensávamos poder fazer. Começamos a descobrir através dessa jornada de fé, muita alegria profundamente sentida.

Como novo Setenta Autoridade Geral da Igreja, onze anos atrás, sempre que recebia minhas designações da conferência de estaca para estacas na América do Norte, todas as minhas insuficiências e medos vinham à minha mente. Como eu poderia ensinar as pessoas que nasceram na Igreja, cresceram com o evangelho e conheciam o governo da Igreja durante toda a vida observando seus líderes, muitos dos quais eram seus próprios pais? O que eu poderia dizer que poderia fazer valer a pena passar o tempo me ouvindo? Eles não tinham ouvido tudo isso antes? Por onde eu deveria começar? A preparação para cada tarefa ficou marcada por uma luta após a outra, e uma conversa abandonada foi seguida por outra. Lembro-me de várias vezes em que fiquei acordado a noite inteira tentando encontrar uma mensagem que os santos considerariam significativa durante a sessão geral de domingo da conferência de estaca. No meio da minha luta, em uma terna misericórdia que o Senhor me concedeu, um dia fiquei sozinho com um apóstolo. Depois de alguma hesitação, reuni coragem para pedir seu conselho. Eu era um grande admirador de seus discursos, dos quais todas as frases eram para mim como escrituras. Perguntei a ele o seu segredo para escrever mensagens tão convincentes. Na minha situação na época, sua resposta quase me surpreendeu. Ele parou por um tempo e depois disse que sempre sentia o peso da responsabilidade do seu chamado para com os santos, e assim procurava diligentemente a ajuda do Senhor em cada mensagem que preparava. Se ele sentisse que a mensagem havia sido bem recebida, ele iria ao Senhor com uma oração de ação de graças. Se ele sentisse que não, ele iria pedir ao Senhor que o ajudasse a melhorar a próxima vez. Ele acrescentou que essa foi sua experiência durante o período de mais de vinte anos em que serviu como apóstolo do Senhor.

Seu exemplo e testemunho me lembraram o registo sagrado sobre profetas como Alma, que “trabalhou muito no espírito, lutando com Deus em poderosa oração”⁵, e Enos, que escreveu sobre a “luta que ele teve, diante de Deus”⁶. Ensinou-me novamente a lição poderosamente que esforçar-se para conectar-se ao Espírito de Deus é a medida do verdadeiro discipulado.

O Senhor capacita Seus verdadeiros discípulos a experimentar Seu poder agindo através deles, para que possam “produzir [muitos] frutos”⁷. Eles realizam todas as coisas que lhe são conveniente⁸ e crescem em completa alegria⁹. Ao permanecer em Cristo, eles se tornam autossuficientes em todos os aspectos.