2020
Tornar-se um instrumento nas mãos do Senhor
Setembro de 2020


MENSAGEM DE LÍDER LOCAL

Tornar-se um instrumento nas mãos do Senhor

“Se mantivermos os olhos centrados no Salvador e o imitarmos em tudo o que dissermos e fizermos, nos tornaremos instrumentos nas mãos de nosso Pai Celestial aliviando o fardo dos outros e trazendo alegria à vida deles.”

Quando penso nos ensinamentos sobre “amor e serviço”, penso na vida e no ministério do Salvador Jesus Cristo e na maneira normal e natural pela qual Ele expressava seu amor e prestava serviço a todos que encontrava. Não apenas no que fazia, mas também como ensinava sobre amor e serviço. Isso teve um efeito profundo na minha vida. Uma das parábolas do Salvador, O Bom Samaritano, incorpora o que é amor e serviço incondicional.

“E respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

E, por acaso, descia pelo mesmo caminho um certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo.

E de igual modo também um levita, chegando-se ao lugar, e vendo-o, passou de largo.

Porém um certo samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele, e vendo-o, moveu-se de íntima compaixão,

E aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele.

E, partindo no outro dia, tirou dois denários, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar” (Lucas 10:30–35).

Na maioria das vezes, não é por acaso que surgem oportunidades para servir aos outros. Frequentemente, o Pai Celestial nos usa para abençoar aqueles que precisam desse serviço naquele momento específico, sabendo muito bem que somos a melhor opção para atender a essas necessidades e fazer seus fardos mais leves. Repetidamente, o Pai Celestial está a preparar-nos para essas oportunidades, como no caso de Alma e Amuleque.

Alma, depois de ter trabalhado muito em clamar arrependimento ao povo de Amonia, encontrou pessoas que endureceram seu coração em relação a sua mensagem. O povo “ultrajou-o e nele cuspiu e fez com que fosse expulso de sua cidade” (Alma 8:13). As escrituras continuam a ensinar que ele estava “abatido de tristeza, passando por muitas atribulações e angústias” (Alma 8:14). Como se sentiria se você fosse Alma?

O Pai Celestial e o Salvador conhecem nossas necessidades e virão em nosso auxílio sempre que procurarmos sua ajuda. No caso de Alma, ele recebeu a visita de um anjo — que o encorajou. Ouça estas palavras de uma parte da mensagem que o anjo deveria transmitir: “Bendito és tu, Alma; levanta, portanto, a cabeça e alegra-te, pois tens grandes motivos para te alegrares” (Alma 8:15).

Palavras simples de encorajamento podem realmente elevar uma alma sobrecarregada. Porém, isso não foi tudo o que o Pai Celestial havia preparado para abençoar Alma. Ele havia preparado Amuleque para receber este profeta de Deus. Foi coincidência que Amuleque estivesse no mesmo lugar em que Alma entrou na cidade? Não no plano do Pai Celestial. Se permanecermos no caminho do convênio e procurarmos servir aos outros, podemos ser guiados pelo Espírito àqueles que precisam. Ficamos a saber do serviço que Alma e Amuleque prestaram um ao outro em preparação para sua tarefa. Ao servirem lado a lado, tornaram-se amigos inseparáveis, que serviram fielmente a Deus e a seus semelhantes.

Olhando mais de perto a parábola do bom samaritano, muitos como o sacerdote ignoram oportunidades de servir, encontrando desculpas e concentrando-se em coisas que parecem mais importantes. Alguns como o levita vêm e olham, e é aí que param. Podemos muitas vezes nos sentir inadequados ou sentir que não temos nada a oferecer. Quando estamos no serviço do Senhor, temos direito de ajuda do Senhor.

O que o samaritano fez? O que ele tinha a oferecer?

A parábola ensina que “vendo-o” ele mostrou “compaixão” e “aproximando-se” com o que tinha e com as habilidades que possuía, ele atou-lhes as feridas e cuidou dele. A parábola não continua além da estalagem, mas, na minha opinião, a compaixão e o serviço do samaritano ao estrangeiro ferido não terminaram aí.

Um discurso na Universidade Brigham Young, proferido pelo professor de música Kirt R. Saville, intitulado “Vivendo uma vida de serviço e amor: o que vai, volta”, menciona os seguintes princípios importantes a respeito do serviço que ele aprendeu com o pai enquanto crescia:

  • serviço deve ser prestado com um sorriso e sem expectativa de retorno.

  • frequentemente ignoramos oportunidades de servir porque não conseguimos vê-las.

  • serviço raramente é conveniente.

  • serviço geralmente acontece quando estamos a caminho de fazer outra coisa.1

Nas palavras do Élder M. Russell Ballard, “Muitas vezes, somos como o jovem comerciante de Boston, que foi pego no fervor da corrida do ouro na Califórnia. Ele vendeu todos os seus bens para procurar sua fortuna nos rios da Califórnia, que lhe disseram estar repletos de pepitas de ouro tão grandes que dificilmente alguém poderia carregá-las.

Dia após dia, numa rotina interminável, o jovem mergulhava sua peneira no rio, que voltava vazia. Sua única recompensa era uma pilha cada vez maior de pedras. Desanimado e sem dinheiro, ele estava prestes a desistir, até que, um dia, um garimpeiro velho e experiente lhe disse: ‘É um belo monte de pedras esse que você está juntando aí, meu rapaz’.

O rapaz respondeu: ‘Não há ouro aqui. Vou voltar para casa’.

Aproximando-se da pilha de pedras, o velho garimpeiro disse: ‘Oh, há ouro aqui, sim. Você só tem que saber onde encontrá-lo’. Ele pegou duas pedras e bateu uma na outra. Uma das pedras rachou revelando vários filetes de ouro brilhando ao sol.

Percebendo a bolsa de couro carregada, presa à cintura do garimpeiro, o jovem disse: ‘Estou à procura de pepitas como as de sua bolsa, e não apenas minúsculos filetes’.

O velho garimpeiro estendeu a bolsa para o rapaz, que olhou dentro dela esperando ver muitas pepitas grandes. Ficou surpreso ao ver que a bolsa estava cheia de milhares de filetes de ouro.

O velho garimpeiro disse: ‘Filho, parece-me que você está tão ocupado procurando pepitas grandes, que está deixando de encher sua bolsa com esses preciosos filetes de ouro. O acúmulo paciente desses pequenos filetes me trouxe uma grande riqueza’.”2

Alma ensinou a seu filho Helamã:

“Por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são realizadas … E por meios muito pequenos o Senhor … efetua a salvação de muitas almas” (Alma 37:6–7).

O Presidente Russell M. Nelson deu grande ênfase aos dois Grandes Mandamentos ensinados pelo Salvador:

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.

E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:37–39).

Só quando amamos a Deus e a Cristo de todo o coração é que somos capazes de compartilhar esse amor com nossos semelhantes, por meio de atos de bondade e de serviço — da maneira que o Salvador amaria e serviria a todos nós, se estivesse em nosso meio hoje. Pois, se mantivermos os olhos centrados no Salvador e o imitarmos em tudo o que dissermos e fizermos, nos tornaremos instrumentos nas mãos de nosso Pai Celestial aliviando o fardo dos outros e trazendo alegria às suas vidas.

Duane Donald James Bell foi chamado como um Setenta de Área em abril de 2018. Ele é casado com Jocelyn Lee Scott e são pais de quatro filhos. O Élder e a Irmã Bell residem em East London, África do Sul.

Notas

  1. Kirt R. Saville, “Living a Life of Service and Love: What Goes Around Comes Around,” [Brigham Young University Devotional, Aug. 1, 2017], speeches.byu.edu.

  2. M. Russell Ballard, “Encontrar Alegria no Serviço Amoroso,” A Liahona, Maio de 2011, 46.