Natal significa esperança, paz e amor

Há alguns anos, uma única palavra — câncer — empurrou a jovem família de Nicholas e Christina Gentile para o que o irmão Gentile chamou de “as profundezas desconhecidas de um julgamento de vida ou morte”. Sua filha de 19 meses, Hope, tinha sido diagnosticada com um tumor na região lombar.

“Nos cinco meses seguintes de cirurgias e quimioterapia”, relembra o irmão Gentile, “a batalha de Hope pela vida criou uma sucessão de experiências que acabaram fortalecendo o testemunho de nossa família sobre a graça do Salvador.”

A provação de Hope e o futuro incerto aproximaram a família, uns dos outros e do Salvador.

“Sabíamos que o que víamos era apenas parte da realidade que Deus via para Hope”, disse o irmão Gentile. “Apesar da escuridão, confiamos Nele, independentemente do resultado.”

Em uma noite escura, durante a segunda sessão de cinco dias de quimioterapia de Hope, o irmão Gentile notou a quantidade de cabelo que ela havia perdido em poucos dias. O restante de suas mechas levemente ruivas fez com que ele dolorosamente se lembrasse de sua mortalidade. No entanto, ele encontrou consolo na promessa do Senhor de que “nenhum fio de cabelo de sua cabeça cairá sem que se perceba” (Doutrina e Convênios 84:116).

“Senti que Jesus Cristo estava profundamente ciente da jornada de Hope — e de nosso sofrimento”, disse o irmão Gentile. “Ele ‘não [nos deixará] órfãos’ (João 14:18).”

Certa noite, na hora de dormir, enquanto lia um livro para Hope, o irmão Gentile perguntou, mudando o tom de voz: “Como faz a coruja?” Dando risada, Hope respondeu: “Uuh uuh!” Em seguida, ele perguntou: “Como faz a vaca?” Hope respondeu com satisfação: “Muuuu muuuu!”

Naquele momento, uma gravura do Salvador na parede do quarto chamou a atenção do irmão Gentile. O Espírito o inspirou a perguntar: “Hope, e como Jesus faz?”

Enquanto esperava a resposta de sua filha, ela se aconchegou em seu ombro, abriu seus grandes olhos azuis e sussurrou: “‘Abraça você’. Jesus faz assim: ‘Abraça você’”.

O irmão Gentile abraçou delicadamente o corpinho de Hope enquanto chorava. Enquanto Hope retribuía o abraço com seus braços pequeninos, ela sussurrou: “Eu te amo, papai”.

Deus deu aquele momento ao irmão Gentile e à sua família por um motivo especial: “Jesus estava abraçando nossa família com Seus braços de amor”, disse ele. “Desde aquela noite sagrada, tenho refletido sobre a terna verdade que Deus me ensinou por meio das palavras de minha filha: Jesus vai nos abraçar e abençoar durante nossas provações se O permitirmos. Essas bênçãos vêm de acordo com Seu perfeito tempo, modo e de acordo com Sua vontade, mas elas vêm. Conheço essas verdades porque o Espírito Santo me ajudou a senti-las no quarto de Hope naquela noite escura.”²

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o Salvador abraçando uma menina

Cobertor de Segurança, de David Bowman, reprodução proibida

Paz em Cristo

Fico feliz em relatar que a fé e as orações da família Gentile foram respondidas. Hoje, Hope é uma criança de 10 anos saudável e feliz.

Mas e aqueles momentos em que a resposta de Deus não é o que esperávamos? É possível alcançar a paz em meio ao sofrimento pessoal?

Assim como a família Gentile, sempre encontramos paz quando nos voltamos para o Salvador, cujo nascimento em Belém comemoramos nesta época. Na época do Natal, quando provações pessoais, tristezas e doenças muitas vezes podem impedir nossas comemorações de Natal, nosso testemunho do nascimento, da morte e da Ressurreição do Salvador nos proporciona paz.

Nosso amado profeta, o presidente Russell M. Nelson, ensinou: “Assim como o Salvador nos proporciona a paz que ‘excede todo o entendimento’ [Filipenses 4:7], Ele também nos proporciona uma intensa, profunda e ampla alegria que desafia a lógica humana ou a compreensão mortal. Por exemplo, não parece possível ter alegria quando um filho sofre com uma doença incurável, quando se perde o emprego ou quando seu cônjuge o trai. Porém, essa é justamente a alegria que o Salvador proporciona. Sua alegria é constante e nos confirma que nossas ‘aflições não durarão mais que um momento’ [Doutrina e Convênios 121:7] e serão consagradas para nosso benefício [ver 2 Néfi 2:2]”.³

Quando o Senhor fala de consolo à nossa alma, podemos nos unir à “multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo: glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens” (Lucas 2:13–14).

Podemos “[erguer-nos] (…) cheios de triunfo (…) para Belém”.⁴

Podemos “[dormir] em paz”,⁵ sabendo que, no final, tudo ficará bem e será feito de acordo com as promessas de Deus e em Seu perfeito tempo, modo e vontade.

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duas imagens de Hope Gentile

A dádiva do amor

O Pai conhece cada um de nós perfeitamente: nossas provações, nossas imperfeições, nossos anseios e nossas perdas. Porque nos ama, Ele nos deu a maior dádiva que poderíamos receber.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

Porque o Filho também nos ama, Ele voluntariamente deu Sua vida por nós.

“[O Filho] nada faz que não seja em benefício do mundo; porque ama o mundo a ponto de entregar sua própria vida para atrair a si todos os homens”, profetizou Néfi sobre o Salvador. “Portanto, a ninguém ordena que não participe de sua salvação” (2 Néfi 26:24).

Como discípulos do Salvador nos últimos dias, temos a responsabilidade e a bênção de compartilhar o amor que o Pai e o Filho têm por nós. Compartilhamos esse amor ao prestarmos testemunho aos filhos de Deus do precioso conhecimento que temos de que Deus vive, de que Seu Filho veio à Terra para nos salvar da morte física e espiritual, e de que em nossos dias o Salvador restaurou Sua Igreja: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

A dádiva do Filho Unigênito de Deus é o motivo pelo qual comemoramos o Natal. O Natal significa esperança e paz duradouras, possibilitadas pela Expiação e Ressurreição do Salvador por amor a nós. O Natal significa a vida eterna e os reencontros eternos possibilitados por meio das ordenanças sagradas realizadas nos templos sagrados.

“A principal razão pela qual celebramos o Natal é a Páscoa”, disse o presidente Nelson. Ele acrescentou: “Graças a Jesus Cristo, podemos nos arrepender e ser perdoados de nossos pecados. Graças a Ele, cada um de nós ressuscitará”.⁶

Lemos relatos sagrados no Novo Testamento sobre o nascimento do Salvador. Essa história está no centro de muitas de nossas tradições favoritas de Natal. Entretanto, ao celebrarmos Seu nascimento, não nos esqueçamos de que, sem Sua Ressurreição e Expiação, não teríamos o Natal.

O Livro de Mórmon testifica da realidade do Cristo ressurreto, bem como da riqueza e profundidade de Sua doutrina. Durante a época de Natal, aqueles que usam as verdades sobre Cristo encontradas em suas páginas vão acrescentar mais significado às comemorações de Natal de sua família.

Sei que, devido ao amor e ao papel central do Salvador no plano de salvação, podemos receber Sua paz (ver João 14:27) e “uma esperança mais excelente” (Éter 12:32) — na época de Natal e sempre.