Aceitar o poder de cura do arrependimento e do perdão

É interessante notar que o princípio do arrependimento vem depois da fé em Jesus Cristo. Bem, devo dizer-lhes que Deus nos ama, mesmo que estejamos afundados no pecado. Somos perdoados quando nos humilhamos perante Deus, quando nos aconselhamos com os líderes apropriados da Igreja, conforme necessário, quando nos arrependemos e abandonamos nossos pecados. Trilhar esses passos nos aproxima mais do Salvador, que pode finalmente livrar-nos da culpa, do pesar e da escravidão espiritual e física.

Não sabemos por que às vezes continuamos a sentir culpa mesmo depois de nos arrependermos dos pecados que cometemos. Em vez de especular, conversem com nosso Pai Celestial sobre isso. Façam-Lhe essa pergunta diretamente. Sei que, com o tempo, Ele vai lhes revelar o que vocês precisam. No meu caso, ainda tenho algumas lembranças de alguns de meus erros passados. Ao orar a esse respeito, o Senhor me disse que fui perdoado e que não deveria mais me preocupar com essas coisas. Contudo, também sinto que essas lembranças são um aviso para que eu me esforce para não cair nesses erros novamente.

Então, não é totalmente negativo ter essas lembranças. Considero essas situações em minha vida como uma demonstração do amor de Deus por mim, pois Ele me adverte constantemente para que eu evite seguir esse caminho novamente. Ao nos esforçarmos continuamente para dar o melhor de nós, manifestando por meio de nossas obras o desejo de purificar o vaso interior (ver Alma 60:23), os sentimentos de culpa e desânimo tendem a desaparecer. Com o tempo, nossa experiência pode ser como a de Alma, que testificou que, depois de arrepender-se, “continuou a lembrar-se de seus pecados, mas essa lembrança não lhe causava mais sofrimento nem o torturava mais, porque ele sabia que fora perdoado”.¹

Uma preocupação interessante expressa por meio das perguntas enviadas está relacionada ao perdão daqueles que nos ofenderam e fizeram coisas ruins conosco.

Bem, essa é uma pergunta pertinente. Vamos nos concentrar em alguns princípios e ver como podemos aplicá-los. Ao estudarmos a palavra de Deus, aprendemos que perdoar ao próximo traz grandes bênçãos espirituais, inclusive paz e esperança. Talvez a mais importante dessas bênçãos seja que, ao perdoarmos outras pessoas, também podemos ser perdoados de nossos próprios pecados. O Senhor nos ensina que o perdão é um mandamento universal e que de nós “é exigido que [perdoemos] a todos os homens” (Doutrina e Convênios 64:10). No entanto, ainda pode ser difícil.

Às vezes permitimos que o orgulho, o medo, o ressentimento ou a amargura nos desanimem e bloqueiem nossa capacidade de sentir esperança. Mas a coragem de perdoar vem daqueles que colocam sua fé e confiança no Senhor. Com Sua ajuda, podemos encontrar forças para perdoar os outros, quer o ofensor tenha cometido um pecado grave ou uma ofensa não intencional. Perdoar significa deixar de lado a culpa por uma mágoa passada. Também é para aliviar um fardo significativo. É seguir em frente com a vida.

Com relação ao esquecimento, é importante lembrar que “[o perdão] não significa esquecer a ofensa ou fingir que nunca aconteceu. Não significa permitir que o [comportamento ofensivo] continue. Não significa que todos os relacionamentos podem ser curados. E não significa que o ofensor não será responsabilizado por suas ações. Significa que O Salvador pode ajudá-lo a seguir em frente”.²

Veja algumas sugestões para ajudar nesse processo:

• Ore por humildade. A humildade é o oposto do orgulho, que é o principal obstáculo em nosso esforço de perdoar. O orgulho nos leva a concentrar-nos nos sentimentos de animosidade em relação aos outros. Isso também nos faz negligenciar nossas próprias fraquezas, erros e pecados. Mas o Senhor promete: “Caso se humilhem perante mim e tenham fé em mim, então farei com que as coisas fracas se tornem fortes para eles” (Éter 12:27). De acordo com nossa humildade e fé, o Senhor nos ajudará a nos tornar mais semelhantes a Ele e a realmente perdoar como Ele o fez.

• Expresse gratidão. Expressar gratidão convida mais plenamente o Espírito para nossa vida, o que pode abrandar e mudar nosso coração. Pense em manter um diário das coisas pelas quais você é grato. Procure manifestações do amor de Deus todos os dias. Ao cultivar uma atitude de gratidão, você pode até identificar motivos para ser grato por suas provações.

• Seja paciente. Perdoar quando estiver com muita dor pode levar tempo. Uma mulher que estava se recuperando de um divórcio doloroso recebeu este sábio conselho de seu bispo: “Mantenha um lugar em seu coração para o perdão e, quando ele vier, receba-o”. Você pode dar lugar ao perdão por meio de fervorosa oração, estudo e contemplação. Banquetear-se com as palavras de Cristo diariamente também vai ajudá-lo a se aproximar Dele e trará grande poder de cura para sua vida (ver 2 Néfi 31:20; Jacó 2:8).

• Deixe o passado para trás. A história é história e não pode ser alterada. Mas você pode concentrar sua energia no hoje; pois hoje, você tem o poder de escolher perdoar. Deposite seu fardo no Senhor. Cristo convidou: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). Lembre-se de que, além de tomar sobre Si os pecados do mundo, Cristo tomou sobre Si nossas dores e enfermidades (ver 2 Néfi 9:21; Alma 7:11–12; Doutrina e Convênios 18:11). Se você permitir, Ele pode tornar seu fardo leve.

Encontrar forças para perdoar pode ser desafiador, mas o Salvador e Sua Expiação tornam isso possível. Verdadeiramente, ao abrirmos nosso coração para perdoar aos outros, seremos abençoados com paz. Convido todos vocês a abraçarem o poder de cura do perdão.