Recursos para a família
Primeira Sessão: Princípios e Métodos para os Pais


Primeira Sessão

Princípios e Métodos para os Pais

“Os pais têm o sagrado dever de criar os filhos com amor e retidão (…) ensiná-los a amar e servir uns aos outros.”

“A Família: Proclamação ao Mundo”

Objetivos da Sessão

Nesta sessão, ajude os pais a:

  • Compreender seu papel sagrado na criação dos filhos;

  • Entender os princípios do evangelho que constituem a base dos métodos empregados pelos pais;

  • Identificar as teorias da sociedade sobre as crianças, que, muitas vezes, confundem os pais e prejudicam os filhos;

  • Compreender como os convênios ajudam os pais a salvar seus filhos.

  • Conhecer os ensinamentos doutrinários sobre a forma de avaliar o sucesso dos pais.

Proteção Contra a Desintegração Familiar

A necessidade de pais amorosos e competentes nunca foi tão premente. O Presidente Gordon B. Hinckley observou que a família está “sendo enfraquecida em todo o mundo. Os antigos laços que uniam o pai, a mãe e os filhos estão sendo quebrados em toda parte. (…) Corações são partidos, os filhos choram.1

Satanás ataca a família porque ela é vital para o plano de Deus, para a felicidade e salvação de Seus filhos. O Senhor prescreveu Seu antídoto contra as investidas do inimigo: “Ordenei que criásseis vossos filhos em luz e verdade” (D&C 93:40), pois “a luz e a verdade rejeitam o ser maligno” (D&C 93:37).

O Presidente Hinckley ressaltou a urgência de pais capazes de fortalecer, amar e proteger os filhos: “Meu apelo — e quisera ser mais eloqüente para proclamá-lo — é para salvar as crianças. Muitíssimas delas vivem subjugadas pelo medo e pela dor, em solidão e desespero. Elas precisam da luz do sol. Precisam de felicidade. Necessitam de amor e cuidado. Carecem de bondade, reconforto e afeto. Todos os lares, por mais pobres que sejam, podem criar um ambiente amoroso propício à salvação”.2

Um lar feliz e harmonioso é uma bênção para os pais e os filhos; um lar assim também constitui preparação para a vida eterna. Afinal, “a vida eterna é a vida familiar com um Pai Celestial amoroso, com nossos progenitores e nossa posteridade”.3

Atitudes da Sociedade sobre o Papel dos Pais

O comportamento de muitos pais é influenciado por atitudes e teorias da sociedade, que acham que as crianças (1) são intrinsecamente más; (2) são intrinsecamente boas; (3) são como uma página em branco; (4) são moldadas por fatores biológicos; ou (5) são capazes de tirar suas próprias conclusões sobre o ambiente, determinar seu próprio comportamento e adaptar ou abandonar os valores dos pais.

  • Intrinsecamente Más. Algumas pessoas acham que as crianças são intrinsecamente más devido à queda de Adão e Eva. Assim, crêem que devem punir as crianças duramente para expulsar o mal delas. Os pais que acreditam nessa idéia raramente demonstram afeto pelos filhos e podem até mesmo considerar a ternura algo prejudicial. É possível que uma variante dessa mentalidade esteja por trás das atitudes violentas dos pais que maltratam os filhos.4

  • Intrinsecamente Boas. Outra idéia é que as crianças são boas por natureza e bem-intencionadas, “que só se tornam corruptíveis por causa da sociedade adulta corrupta”. O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau afirmou que, se as crianças fossem “entregues à própria sorte, alcançariam todo o seu potencial”. Conseqüentemente, os pais tentam deixá-las aprender com a experiência e ser guiadas por seus próprios impulsos. Psicólogos humanistas como os americanos Carl Rogers e Abraham Maslow defenderam idéias semelhantes.5

  • Página em branco. O filósofo inglês John Locke promovia a idéia de que as crianças são como uma página em branco: nem boas nem más. Achava que são moldadas principalmente por suas experiências. Psicólogos behavioristas como os americanos John B. Watson e B.F. Skinner tendiam a concordar, afirmando que os pais podem condicionar ou transformar um filho em qualquer tipo de pessoa que desejarem se controlarem e alterarem o ambiente.6

  • Moldadas por fatores biológicos. Essa teoria, que ganhou destaque no século XX, inclui aspectos biológicos e ligados à evolução e a predisposições pessoais. Afirma que as crianças são mais do que uma página em branco ao nascer e que as diferenças que se manifestam desde cedo entre as pessoas podem ser explicadas até certo ponto por fatores biológicos. Muitas versões dessa corrente são deterministas e tendem a diminuir o papel do arbítrio individual.

  • Teoria Construtivista. Essa perspectiva, advogada pelo psicólogo suíço Jean Piaget e outros, centra-se na capacidade das pessoas de interpretar — ou mesmo construir — seu ambiente. Reconhece o arbítrio mais do que outras teorias e defende a possibilidade de as pessoas modificarem o efeito de influências biológicas e ambientais. Contudo, não é capaz de explicar de onde vem essa capacidade nem ajuda os pais e a criança a saberem o que é certo ou errado. Os partidários dessa teoria crêem que as crianças aplicam sua própria interpretação ao que lhes é ensinado. Assim, costumam afirmar que as crianças podem natural e inevitavelmente abandonar ou adaptar os valores ensinados pelos pais e outros.

A maioria dessas posições tem um fundo de verdade. Por exemplo, embora as crianças sejam puras e inocentes, os homens têm uma natureza decaída, e o ambiente, a biologia e o arbítrio pessoal são todos fatores que influenciam nossa vida terrena. Contudo, sem o conhecimento que vem de Deus cada uma dessas teorias — ou o conjunto delas — não contém a plenitude da verdade.

E o mais importante é que nenhuma dessas correntes oferece diretrizes estáveis para um comportamento pautado por princípios morais sólidos. Os pais que consideram seus filhos maus por natureza procurarão e acharão o que há de pior neles, até mesmo interpretando mal e condenando atos inocentes. Esses pais podem sentir-se no direito de portar-se como desejarem, mesmo de modo violento, por sentirem-se moralmente superiores. Os pais que acham que seus filhos são como uma página em branco não só ignoram o arbítrio do filho ao acharem que ele é um mero produto do ambiente, mas abstêm-se também de oferecer direção moral. Os pais que consideram os filhos intrinsecamente bons podem sentir pouca necessidade de guiá-los e discipliná-los, aceitando qualquer comportamento que surgir naturalmente. Com essa perspectiva, os pais podem acabar permitindo e aprovando comportamentos que antes eram considerados inaceitáveis ou inadequados.

Os pais que acreditam que fatores biológicos ditam o comportamento podem terminar instaurando um clima no qual os filhos não se sentem responsáveis por seus atos. Os pais adeptos da visão construtivista reconhecem a capacidade dos filhos de fazer escolhas conscientes, mas não são capazes de fornecer parâmetros para o certo e o errado além do que é considerado aceitável pela sociedade. Além disso, quando os filhos abandonam os valores dos pais em favor de outros propostos por amigos, começam a achar que eles estão raciocinando num nível mais elevado. Com essa perspectiva, qualquer grupo de amigos pode definir seus próprios padrões de certo e errado.

A Luz da Verdade do Evangelho

Por meio de revelação, os santos dos últimos dias conhecem a natureza divina da humanidade e a maneira como os pais devem criar os filhos. Na proclamação da família, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze declararam:

“Todos os seres humanos — homem e mulher — foram criados à imagem de Deus. Cada indivíduo é um filho (ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destino divinos. (…)

‘Os filhos são herança do Senhor’ (Salmos 127:3). Os pais têm o sagrado dever de criar os filhos com amor e retidão, atender a suas necessidades físicas e espirituais, ensiná-los a amar e servir uns aos outros, guardar os mandamentos de Deus e ser cidadãos cumpridores da lei (…). O marido e a mulher — o pai e a mãe — serão considerados responsáveis perante Deus pelo cumprimento dessas obrigações.”7

As escrituras indicam que as crianças são puras e inocentes em virtude da Expiação de Jesus Cristo. O profeta Mórmon ensinou que “as criancinhas são sãs, por serem incapazes de cometer pecado; portanto a maldição de Adão é delas removida” (Morôni 8:8). Contudo, quando “começam a crescer, concebe-se o pecado em seu coração” (Moisés 6:55). O Presidente David O. McKay observou: “O homem tem uma natureza dual — uma está ligada à vida terrena ou animal; a outra é a vida espiritual, próxima da divindade. O corpo do homem é apenas o tabernáculo onde habita o espírito”.8 Os pais têm a responsabilidade de reconhecer o caráter divino dos filhos e de ensiná-los a viver em retidão e escolher o bem (ver D&C 68:25).

Cada filho espiritual de Deus é único. Cada espírito entra num corpo mortal igualmente único em sua composição genética. Conseqüentemente, cada criança exibe interesses, talentos, personalidade, desejos e capacidades ímpares. Os pais, irmãos e outros também influenciam cada criança que se desenvolve.

As pesquisas científicas indicam que as características biológicas afetam “a índole e o temperamento das crianças”, incluindo “tendências para (…) a timidez, a sociabilidade, a impulsividade, (…) o nível de atividade, (…) [e] a emotividade”. Além disso, as crianças, até certo ponto, “selecionam, modificam e até mesmo criam seu próprio ambiente segundo suas predisposições biológicas”.9 Uma criança extrovertida, por exemplo, buscará oportunidades de interagir com amiguinhos, ao passo que uma criança tímida pode evitar contatos sociais; ambas consolidam na infância padrões de comportamento que podem prolongar-se até a idade adulta.

Embora fatores ambientais e biológicos influenciem o desenvolvimento infantil, todos os filhos de Deus têm o arbítrio. O Élder Neal A. Maxwell, do Quórum dos Doze, observou: “É claro que nossos genes, circunstâncias e ambiente desempenham um papel considerável e nos moldam de modo significativo. Contudo, resta-nos uma esfera interior na qual somos soberanos, a menos que abdiquemos dela. Nessa esfera reside a essência de nossa individualidade e responsabilidade pessoal”.10

As diferenças entre os filhos podem exigir que os pais lancem mão de toda uma gama de estratégias. Crianças irrequietas podem provocar preocupações nos pais e levá-los a criar regras adicionais e aumentar a supervisão ou atenção. Já as crianças tímidas podem exigir menos vigilância e cuidado. Além do mais, os filhos reagem a modos de criação semelhantes de acordo com sua percepção única. Uma criança ansiosa, por exemplo, pode encarar uma ordem dos pais como uma ameaça. Ela obedecerá por respeito, mas se sentirá desamparada e assustada. Já outra criança pode encarar a mesma ordem como uma afronta e desafiá-la ou descumpri-la.

Os pais devem usar de sabedoria na maneira de lidar com os filhos. Brigham Young incentivou os pais a “observarem o gênio e o temperamento de seus [filhos] e a tratarem-nos de modo condizente”.11

O Estilo Firme de Criação dos Filhos

Assim como a índole e o temperamento dos filhos variam de uma criança para outra, os pais têm estilos de criação diferentes. Alguns métodos funcionam melhor que outros. É proveitoso para os pais estudar em espírito de oração diferentes abordagens de criação e determinar o que funciona melhor para eles e o que surte menos efeito.

Três Estilos de Criação dos Filhos

Os métodos empregados pelos pais tendem a encaixar-se numa das seguintes categorias: autoritário, permissivo e firme.12

Autoritário. “Os pais autoritários tentam mudar, controlar e avaliar o comportamento e a atitude dos filhos segundo um padrão fixo de conduta”. Em sua tentativa de guiar o comportamento dos filhos, esses pais não os convidam para participar da discussão das regras e expectativas “por acharem que os filhos devem aceitar o que os pais dizem ser certo”. Esses pais valorizam o controle rígido dos atos dos filhos e costumam mostrar pouco carinho. É raro que incentivem os filhos a externar seus sentimentos ou pontos de vista, principalmente no que tange à disciplina.13

Permissivo. Os pais permissivos, em geral, demonstram amor e carinho pelos filhos, mas não oferecem muita orientação ou direção. “Tentam portar-se de modo não punitivo, tolerante e positivo. (…) Apresentam-se como recursos a serem utilizados ao bel-prazer dos filhos, não como agentes ativos e responsáveis por moldar ou alterar seu comportamento atual ou futuro. Permitem que os filhos determinem suas próprias atividades tanto quanto possível, eximem-se de exercer controle e não insistem para que os filhos obedeçam a padrões externos”. Esses pais “evitam demonstrações ostensivas de poder”, mas podem tentar regular o comportamento dos filhos de maneira menos visível. Evitam confrontos.14

Firme. Os pais firmes manifestam as mesmas expectativas elevadas para os filhos que os pais autoritários, mas demonstram também alto grau de calor humano e sensibilidade. São amorosos e apóiam os filhos. Ao guiarem os filhos, em geral “incentivam o diálogo e mostram-lhes a lógica que permeia suas regras”. Além disso, “exercem firme controle em pontos de divergência com os filhos, mas não criam restrições excessivas. Os pais firmes são exigentes ao supervisionarem as atividades dos filhos com rigor e coerência e ao fazerem-nos contribuir para o bom funcionamento da família ajudando nas tarefas domésticas. Não se esquivam de confrontos com os filhos para conseguir obediência, expõem seus valores com clareza e esperam que os filhos respeitem seus padrões”. Em estudos realizados ao longo de várias décadas, a psicóloga Diana Baumrind verificou que os filhos criados por pais firmes têm maior probabilidade de tornarem-se confiantes no trato social, amistosos e de desenvolverem autodisciplina, espírito de cooperação e o desejo de transpor obstáculos e vencê-los.15

Os princípios propostos aos pais neste curso estão mais próximos do estilo de criação firme. Esse modelo é o que está mais em conformidade com as escrituras e os ensinamentos dos líderes da Igreja.

De acordo com esse padrão, os pais devem ensinar e guiar os filhos pela persuasão, paciência e amor (ver D&C 121:41–44). Estão dispostos a discutir suas decisões com os filhos e explicam os motivos delas. Também estão prontos a repreender os filhos quando inspirados pelo Espírito e a dar-lhes a orientação de que necessitem.

Princípios para a Criação Bem-Sucedida dos Filhos

A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze ensinaram nove princípios para guiar os pais e as mães em suas responsabilidades para com os filhos: “O casamento e a família bem-sucedidos são estabelecidos e mantidos sob os princípios da fé, da oração, do arrependimento, do perdão, do respeito, do amor, da compaixão, do trabalho e de atividades recreativas salutares”.16 Os pais podem ensinar e aplicar esses princípios de várias maneiras.

  • Fé. Os pais devem ensinar os filhos a ter fé em Jesus Cristo e usar sua fé crescente nos princípios do evangelho para governar sua própria vida (ver Mateus 17:20; Hebreus 11:6; 3 Néfi 18:20; D&C 68:25).

  • Oração. Os filhos devem aprender a orar individualmente e em família. Devem aprender desde pequenos sobre o poder da oração (ver Enos 1:1–5; Mosias 27:8–14; Alma 34:17–27; 37:37; 3 Néfi 18:21).

  • Arrependimento. Os pais devem reconhecer, confessar e abandonar seus pecados a fim de desfrutarem a influência e orientação do Espírito Santo. Podem ajudar os filhos a compreender e aplicar esses princípios em sua vida (ver Alma 34:33; 3 Néfi 9:22; Morôni 10:32–33; D&C 6:9; 58:42–43).

  • Perdão. Os pais poderão ser um exemplo de perdão se perdoarem a si mesmos, ao cônjuge e aos filhos por suas falhas (ver Mateus 6:14–15; Efésios 4:32; Mosias 26:29–31; D&C 64:8–10).

  • Respeito. Os membros da família devem aprender a respeitar-se mutuamente. Os pais e filhos podem aprender a tratar uns aos outros com cortesia e carinho, dedicando-lhes a mais elevada estima (ver Marcos 9:42; D&C 121:41–46). Os pais devem tentar eliminar os pensamentos e palavras críticas entre os filhos e não devem tampouco os nutrir.

  • Amor. Os pais devem amar os filhos do modo descrito por Paulo, Alma e Mórmon: com paciência, bondade, ternura, abnegação e humildade (ver I Coríntios 13; Alma 7:23–24; Morôni 7:45–48).

  • Compaixão. Os pais podem mostrar compaixão um pelo outro e pelos filhos. Devem condoer-se das adversidades enfrentadas pelos familiares e tentar compreendê- los e apoiá-los em momentos difíceis (ver Rute 1:11–17; Zacarias 7:8–10; Lucas 15:11–32).

  • Trabalho. O trabalho em família dá aos filhos a oportunidade de valorizarem a industriosidade e de sentirem a satisfação do dever cumprido (ver D&C 42:42; 58:27–28), principalmente quando os pais e filhos trabalharem juntos. As tarefas devem estar adaptadas à idade e capacidade das crianças, a fim de que isso promova o senso de sucesso e confiança.

  • Atividades Recreativas Salutares. A família é fortalecida e revitalizada quando os familiares participam juntos de atividades salutares e agradáveis.

O maior desses princípios é o amor (ver Mateus 22:36–40, I Coríntios 13:13, Morôni 7:46). A coisa mais importante que os pais podem fazer por seus filhos é amá-los de modo cristão. Quando os filhos sentem amor e têm consciência disso, é mais provável que dêem ouvidos aos ensinamentos dos pais, sigam seu exemplo e aceitem a disciplina exercida. O amor deve motivar e guiar todas as atitudes dos pais.

O Padrão do Evangelho para a Influência dos Pais

Por meio do Profeta Joseph Smith, o Senhor estipulou os padrões para a influência dos pais:

“Nenhum poder ou influência pode ou deve ser mantido em virtude do sacerdócio, a não ser com persuasão, com longanimidade, com brandura e mansidão e com amor não fingido;

Com bondade e conhecimento puro, que grandemente expandirão a alma, sem hipocrisia e sem dolo —

Reprovando prontamente com firmeza, quando movido pelo Espírito Santo; e depois, mostrando então um amor maior por aquele que repreendeste, para que ele não te julgue seu inimigo;

Para que ele saiba que tua fidelidade é mais forte que os laços da morte” (D&C 121:41–44).

De acordo com esse padrão, os pais ensinam e guiam seus filhos pela persuasão, paciência e amor. Estão dispostos a discutir suas decisões com os filhos e explicar os motivos. Dão aos filhos a orientação de que necessitam e repreendem-nos quando guiados pelo Espírito. Depois de repreenderem, os pais devem mostrar maior amor pelos filhos, para que não restem dúvidas de seus sentimentos.

O Poder dos Convênios

Os pais não estão sós em seu empenho de salvar os filhos. O Pai Celestial concedeu convênios sagrados por meio dos quais Seus filhos podem receber bênçãos. Quando um casal assume o convênio do casamento eterno e cumpre sua parte, o Pai Celestial promete-lhes a vida eterna (ver D&C 132:20). Joseph Smith, Brigham Young e Joseph Fielding Smith ensinaram que são derramadas bênçãos adicionais sobre os filhos cujos pais são selados no convênio do casamento no templo, o que ajuda os filhos a regressarem à presença do Pai Celestial.17 Brigham Young ensinou que os filhos nascidos no convênio matrimonial tornam-se “herdeiros legais do reino e de todas as suas bênçãos e promessas”.18

Às vezes os filhos se desencaminham. O Élder Orson F. Whitney, do Quórum dos Doze Apóstolos, instou os pais a não perderam as esperanças pelos filhos desobedientes:

“Pais que têm filhos obstinados e desobedientes, não desistam! Não os rejeitem. Eles não estão totalmente perdidos. O Pastor achará Suas ovelhas. Elas eram Dele antes de tornarem-se suas — muito antes de Ele confiá-las a seus cuidados; e vocês nem sequer têm a capacidade de amá-las como Ele as ama. Esses filhos apenas se desviaram do caminho correto por ignorância, e Deus é misericordioso com a ignorância. Somente a plenitude do conhecimento traz a plenitude da responsabilidade. Nosso Pai Celestial é muito mais misericordioso e infinitamente mais caridoso do que o melhor de Seus servos, e o evangelho eterno é mais poderoso para salvar do que nossa mente limitada e finita é capaz de conceber.

O Profeta Joseph Smith declarou — e nunca ensinou doutrina mais consoladora — que o selamento eterno dos pais fiéis e as promessas divinas que lhes foram feitas por seu valente serviço pela causa da verdade salvariam não apenas eles próprios mas também sua posteridade. Embora algumas ovelhas venham a desgarrar-se, o olhar do Pastor está sobre elas, e mais cedo ou mais tarde sentirão os braços da Providência Divina estendendo-se para elas e trazendo-as de volta ao redil. Quer nesta vida ou na vida futura, elas voltarão. Terão que quitar sua dívida para com a justiça, sofrerão por seus pecados e talvez precisem percorrer um caminho espinhoso; mas se Ele as conduzir, tal como o penitente filho pródigo, ao coração e lar de um pai amoroso e desejoso de perdoar, a experiência dolorosa não terá sido em vão. Orem por seus filhos insensatos e desobedientes, apeguem-se a eles com sua fé. Continuem a ter esperança e confiança até verem a salvação de Deus.”19

O Presidente James E. Faust, da Primeira Presidência, fez os seguintes comentários elucidativos sobre esse ensinamento do Élder Whitney:

“Um princípio dessa declaração ao qual freqüentemente se dá pouca atenção é o de que [os filhos desobedientes] terão de arrepender-se totalmente e ‘sofrer por seus pecados’ e ‘pagar sua dívida para com a justiça’. (…)

(…) O poder de selamento dos pais fiéis somente terá efeito sobre os filhos rebeldes sob a condição de seu arrependimento e da Expiação de Cristo. Os filhos rebeldes que se arrependerem desfrutarão da salvação e de todas as bênçãos que a acompanham, mas a exaltação é muito mais que isso. Ela precisa ser plenamente merecida. Saber quem será exaltado é uma questão que deve ser deixada para o Senhor em Sua misericórdia.

Há bem poucos cuja rebelião e más ações são tão grandes que ‘pecaram além da capacidade de arrependerem-se’ (Alonzo A. Hinckley, em Conference Report, outubro de 1919, p. 161). Esse julgamento também deve ser deixado para o Senhor. Ele disse: ‘Eu, o Senhor, perdoarei a quem desejo perdoar, mas de vós é exigido que perdoeis a todos os homens’ (D&C 64:10).”20

O Presidente Faust indicou no mesmo discurso que os mortais não são capazes de compreender “quão duradouros são os laços do selamento de pais fiéis a seus filhos”. Ensinou que “pode ser que haja mais fontes de auxílio agindo do que temos conhecimento” para atrair os filhos rebeldes de volta ao Pai Celestial, incluindo a influência de antepassados amados do outro lado do véu.21 As declarações dos profetas mostram que o poder de salvar os filhos é maior quando os pais assumem e guardam as promessas ligadas aos convênios.

Medir o Sucesso dos Pais

Alguns pais buscam indicadores de seu sucesso. O Presidente Howard W. Hunter fez a seguinte observação: “Um pai bem-sucedido é aquele que amou e ensinou um filho, sacrificou-se por ele, cuidou dele e atendeu a suas necessidades. Se você tiver feito tudo isso e ainda assim seu filho se desencaminhar, causar problemas ou trilhar as sendas do mundo, isso não o impede de ser um pai bem-sucedido. É possível que existam filhos que vêm ao mundo com a capacidade de desafiar quaisquer pais em quaisquer circunstâncias. Da mesma forma, talvez existam outros que abençoariam a vida de praticamente qualquer pai ou mãe e trariam grande alegria”.22

O Presidente Faust ensinou que os bons pais são os “que com amor, fervor e sinceridade procuraram ensinar seus filhos por exemplo e por preceito a ‘orar e a andar em retidão perante o Senhor’ (D&C 68:28). Isso é verdade, mesmo que alguns de seus filhos sejam desobedientes ou mundanos. (…) Os pais bem-sucedidos são aqueles que se sacrificaram e se esforçaram para fazer o melhor que podiam em suas próprias condições familiares”.23

Os pais que tiveram êxito na criação dos filhos devem ser sensíveis e ter tato ao lidar com os que acham que fracassaram. Os pais que se sentirem bem-sucedidos devem ser gratos, mas não se vangloriar de modo a causar tristeza em outros pais. O Presidente Faust aconselhou-nos:

“É muito injusto ou rude julgar pais conscienciosos e fiéis porque um de seus filhos se rebelou ou se desviou dos ensinamentos e do amor de seus pais. Felizes são os casais que têm filhos e netos que lhes proporcionam consolo e satisfação. Devemos ter consideração por aqueles pais dignos e justos que têm problemas e sofrem com seus filhos desobedientes.

Um de meus amigos costumava dizer: ‘Se você nunca teve problemas com seus filhos, espere mais um pouco’.”24

No tocante aos pais que acham estar fracassando, o Presidente Spencer W. Kimball observou: “Quando houver desafios [com membros da família], vocês só fracassarão se deixarem de enfrentá-los!”25 Os pais não devem condenar a si mesmos quando surgirem problemas e cometerem erros, mas tentar aprender com eles, empenhandose para melhorar. A responsabilidade dos pais não termina nunca, mesmo quando os filhos saírem de casa e criarem seus próprios filhos. Os pais nunca devem perder as esperanças com os filhos. Devem continuar a amá-los, a orar por eles e a usar todas as oportunidades para ajudá-los.

O Presidente Faust deu o seguinte conselho: “Para os pais inconsoláveis que foram justos, diligentes e fervorosos ao ensinarem seus filhos desobedientes dizemos que o Bom Pastor está zelando por eles. Deus conhece e compreende seu profundo sofrimento. Há esperança. Sejam reconfortados pelas palavras de Jeremias: ‘Há galardão para o teu trabalho’ e seus filhos ‘voltarão da terra do inimigo’ (Jeremias 31:16)”.26

Notas

  1. A Liahona, janeiro de 1998, p. 80.

  2. Conference Report, outubro de 1994, pp. 74–75; ou Ensign, novembro de 1994, p. 54.

  3. Dallin H. Oaks, Conference Report, abril de 1995, p. 115; ou Ensign, maio de 1995, pp. 86–87.

  4. Ver Craig Hart e outros, “Proclamation-Based Principles of Parenting and Supportive Scholarship”, em Strengthening Our Families: An In-Depth Look at the Proclamation on the Family, ed. David C. Dollahite (Salt Lake City: Bookcraft, 2000), p. 101.

  5. Ver “Proclamation-Based Principles”, p. 103.

  6. Ver “Proclamation-Based Principles”, p. 102.

  7. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49.

  8. Conference Report, abril de 1967, p. 6; ou Improvement Era, junho de 1967, pp. 24–25.

  9. “Proclamation-Based Principles”, pp. 104–105.

  10. Conference Report, outubro de 1996, p. 26; ou Ensign, novembro de 1996, p. 21.

  11. Discourses of Brigham Young, sel. John A. Widtsoe (Salt Lake City: Deseret Book, 1954), p. 207.

  12. Ver Diana Baumrind, “Effects of Authoritative Parental Control on Child Behavior”, em Child Development, dezembro de 1966, pp. 889–892.

  13. Diana Baumrind, “Rearing Competent Children”, em Child Development Today and Tomorrow, ed. William Damon (San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1989), p. 353.

  14. Baumrind, “Rearing Competent Children,” pp. 354, 356.

  15. Baumrind, “Rearing Competent Children”, pp. 353–354.

  16. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49.

  17. Ver Conference Report, abril de 1929, p. 110; Discourses of Brigham Young, p. 208; Doctrines of Salvation, comp. Bruce R. McConkie, 3 volumes. (Salt Lake City: Publishers Press, 1954–1956), vol. 2, p. 90.

  18. Discourses of Brigham Young, p. 195.

  19. Conference Report, abril de 1929, p. 110.

  20. A Liahona, maio de 2003, p. 62.

  21. A Liahona, maio de 2003, p. 62.

  22. Conference Report, outubro de 1983, p. 94; ou Ensign, novembro de 1983, p. 65.

  23. A Liahona, maio de 2003, p. 61.

  24. A Liahona, maio de 2003, p. 67.

  25. Conference Report, outubro de 1980, p. 5; ou Ensign, novembro de 1980, p. 5.

  26. A Liahona, maio de 2003, p. 68.

Como os Convênios Guiam o Comportamento

Os membros da Igreja fazem muitos convênios com o Senhor. A lista a seguir mostra o que os santos dos últimos dias se comprometem a fazer quando assumem convênios com o Senhor. Aqueles que guardam os convênios recebem bênçãos, entre elas a companhia do Espírito Santo, para fortalecê-los no cotidiano.

O impacto que esses convênios podem exercer é tremendo. Se guardarem somente o convênio batismal, os pais já conseguirão resolver a maior parte dos problemas que surgirem em sua família.

Batismo

(Ver 2 Néfi 31:17–21; Mosias 18:8–10; D&C 20:37; Regras de Fé 1:4.)

  • Tomar sobre si o nome de Jesus Cristo.

  • Servir de testemunha de Jesus Cristo.

  • Guardar sempre os mandamentos.

  • Carregar os fardos uns dos outros; chorar com os que choram; consolar os que necessitam de consolo.

  • Mostrar disposição de servir a Deus no decorrer de toda a vida.

  • Manifestar arrependimento dos pecados.

Sacramento

(Ver 3 Néfi 18:28–29; Morôni 4, 5; D&C 20:75–79; 27:2; 46:4.)

  • Renovar os convênios batismais.

  • Reassumir o compromisso de tomar sobre si o nome de Cristo, recordá-Lo sempre e guardar Seus mandamentos.

Juramento e Convênio do Sacerdócio

(Ver Jacó 1:19; D&C 84:33–44; 107:31.)

  • Magnificar os chamados cumprindo fielmente as responsabilidades do sacerdócio.

  • Ensinar a palavra de Deus e trabalhar com diligência para levar avante os desígnios do Senhor.

  • Ser obediente, adquirir conhecimento do evangelho e viver de acordo com esse conhecimento.

  • Servir ao próximo e empenhar-se para abençoar sua vida.

Investidura do Templo

“As ordenanças da investidura envolvem certas obrigações por parte da pessoa, como o convênio e promessa de observar a lei de estrita virtude e castidade, ser caridosa, benevolente, tolerante e pura; dedicar tanto os seus talentos quanto seus recursos materiais para a propagação da verdade e o engrandecimento da humanidade; permanecer dedicada à causa da verdade; e buscar de todas as maneiras contribuir para a grandiosa preparação da Terra para receber seu Rei: o Senhor Jesus Cristo” (James E. Talmage, The House of the Lord [1968], p. 84).

Casamento Celestial

  • Amar o cônjuge e permanecer fiel a ele e a Deus por toda a eternidade.

  • Viver de modo a contribuir para uma vida familiar feliz e esforçar-se para abençoar o cônjuge e os filhos.

  • “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gênesis 1:28).