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Segunda Sessão: Compreender o Desenvolvimento Infantil


Segunda Sessão

Compreender o Desenvolvimento Infantil

O progresso gradual é essencial para o desenvolvimento infantil saudável. Como pai ou mãe você pode ajudar criando um ambiente seguro e salutar.

Objetivos da Sessão

Nesta sessão, ajude os pais a:

  • Compreender a importância de transmitir conhecimento e habilidades às crianças quando elas estiverem prontas para aprender, segundo sua fase de desenvolvimento;

  • Entender as fases de desenvolvimento na infância e adolescência;

  • Estar atentos a indícios de problemas em potencial no desenvolvimento de um filho.

Progresso Gradual

Algumas crianças desenvolvem problemas porque seus pais têm expectativas injustas e descabidas em relação a elas. O Élder Neal A. Maxwell, do Quórum dos Doze, declarou que “um Deus rigoroso às vezes exige coisas difíceis de Seus filhos”, mas “jamais daria mandamentos difíceis a Seus filhos sem antes preparar o caminho (ver 1 Néfi 3:7).”1 O Pai Celestial não espera coisas impossíveis de Seus filhos, e os pais mortais tampouco devem fazê-lo.

Às vezes os pais fazem exigências descabidas aos filhos por não saberem o que esperar deles nas várias fases de desenvolvimento das crianças e adolescentes. O Presidente N. Eldon Tanner, que serviu como conselheiro na Primeira Presidência, observou que os filhos “desejam estar à altura das expectativas das pessoas responsáveis por dirigir sua vida”.2 Quando os filhos são incapazes de corresponder às expectativas descabidas dos pais, tendem a considerar-se fracassados. Crêem que são deficientes ou anormais, que decepcionam as pessoas e que são imprestáveis. Os efeitos a longo prazo incluem o sentimento de inferioridade, insegurança, ansiedade, depressão e incapacidade de sentir empatia pelos outros.

As escrituras mencionam um progresso gradual na vida, o que inclui o desenvolvimento físico e espiritual. João testificou que Jesus Cristo “[no] princípio (…) não recebeu da plenitude, mas continuou de graça em graça, até receber a plenitude” (D&C 93:13). O progresso paulatino é essencial para o desenvolvimento infantil saudável. Em determinados momentos da vida, as crianças tornam-se prontas para dominar habilidades como aprender a andar, falar e comer sozinhas. Em vez de tentarem forçar os filhos a fazer coisas antes de estarem preparados, os pais podem criar um ambiente seguro e salutar onde as crianças poderão aprender e progredir.

As pesquisas indicam que as capacidades físicas e mentais tendem a desenvolver-se em certas fases; contudo, cada criança é única. Fatores biológicos, o temperamento, a educação dos pais e o ambiente são todos elementos que influenciam o desenvolvimento de uma criança. Os pais não devem preocupar-se caso um filho demore um pouco mais para aprender certas coisas e não devem empolgar-se demais se uma criança parecer um pouco adiantada. Tais diferenças costumam ser temporárias e têm pouco a ver com a capacidade da criança a longo prazo. Uma estratégia mais sensata é acompanhar e desfrutar o desenvolvimento gradual de cada filho.

Estar Preparado para Aprender

A preparação é um conceito-chave a se ter em mente à medida que as crianças crescem e se desenvolvem. Os pais evitarão muitos problemas se lhes permitirem adquirir habilidades no próprio ritmo delas. Os pais devem tentar adaptar-se às necessidades de cada criança, em vez de fazê-la ajustar-se a suas expectativas.

A criança está pronta para andar, por exemplo, por volta da idade de um ano. Os pais devem observar indícios de que ela esteja pronta para caminhar. Pode ser que a criança se apóie em móveis e fique de pé ou ande agarrada neles. Os pais podem brincar com a criança segurando-a em posição ereta e deixando-a dar um ou dois passos. Com esse tipo de brincadeira, a criança poderá andar mais rápido do que se não receber incentivo. Por outro lado, se uma criança não estiver em condições físicas de suportar seu próprio peso, esse exercício não será útil e pode deixá-la frustrada e até causar danos físicos. As crianças não ganham nada ao aprender a andar prematuramente; começarão a caminhar quando estiverem prontas.

O uso do banheiro deve começar quando a criança estiver preparada emocional e fisicamente. Esperar que ela esteja totalmente treinada para isso antes dos dois anos pode constituir uma exigência descabida e impossível para ela. As crianças começam a mostrar-se prontas para controlar suas funções intestinais e urinárias quando conseguem compreender pedidos simples dos pais, quando começam a tentar tirar fraldas sujas e quando imitam o comportamento que vêem seus pais usar no banheiro.3 Algumas crianças de três anos de idade ou mais ainda não estão prontas para dormir a noite inteira sem molhar a cama ou ir ao banheiro. Os pais que entenderem e aceitarem esse despreparo ficam menos incomodados quando as crianças urinam na cama. Quando os pais demonstram raiva ou ficam contrariados, correm o risco de reforçar o comportamento indesejável. Na verdade, devem ser calmos e pacientes, e a criança terminará aprendendo a controlar sua bexiga.

Da mesma forma, os pais não devem esperar que uma criança de quatro anos aprenda a andar de bicicleta sem as rodinhas de apoio. A maioria das crianças dessa idade ainda não tem coordenação motora suficiente para dispensar esse suporte. Aos seis ou sete anos, a maioria das crianças consegue andar de bicicleta do tamanho que lhes corresponda e sem as rodinhas de apoio.

Os pais terão mais sucesso para ensinar as crianças a ajudarem nas tarefas domésticas quando elas mesmas demonstrarem interesse em ajudar, a lançarem uma bola quando elas manifestarem vontade de jogar ou a arrumarem o cabelo quando elas começarem a querer fazê-lo sozinhas. Os pais também terão mais êxito se tentarem tornar essas experiências de ensino agradáveis. Devem dar muito incentivo e reconhecimento pelos esforços dos filhos. Se os pais tiverem expectativas altas demais muito cedo, os filhos tenderão a desanimar e a perder o interesse em aprender novos comportamentos.

Fases de Desenvolvimento

O desenvolvimento social e emocional pode ser visto como uma série de fases que ocorrem em certas idades. Passar por cada fase de modo bem-sucedido é importante para o desenvolvimento infantil saudável. As informações sobre o desenvolvimento contidas nesta sessão são apenas diretrizes gerais. As crianças avançam em seu próprio ritmo, e o progresso precoce em certos aspectos não constitui garantia de sucesso futuro na vida. Os pais que conhecerem seus filhos e os amarem como pessoas estarão mais aptos a transformá-los em adultos maduros e competentes.4

Aprender a Confiar (Primeiros Meses de Vida)

!Os pais atenciosos atendem às necessidades de seu bebê recém-nascido. Reconhecem sinais de fome e dor. O pedido de socorro mais freqüente é o choro. Os pais podem ajudar segurando a criança, dando afeto e suprindo suas necessidades físicas e emocionais. Devem consolar o bebê o tempo necessário para acalmá-lo e transmitir-lhe segurança.

!Quando os pais reconhecem as manifestações de fome e dor do recém-nascido e respondem a elas com amor, ele aprende a confiar e desenvolve a certeza de que os pais atenderão a suas necessidades no futuro. O bebê criará um elo com os pais e se sentirá seguro em seu ambiente. O amor dos pais pela criança também aumentará.

Quando os pais deixam de suprir as necessidades da criança, ela sente-se insegura e ansiosa e tem dificuldade para aprender a confiar nos outros. Um pai que sempre passa a criança que chora para a mãe (ou vice-versa) terá menos chance de formar um laço forte com o bebê.

Os filhos de pais desatentos tendem a sentir que não são desejados ou amados e são incapazes de aceitar a si mesmos como pessoas de valor. As crianças que crescem sentindo- se assim costumam ter dificuldade em relacionamentos e são demasiado dependentes da aprovação dos outros. Às vezes, recorrem a outras maneiras de gratificação, como ver televisão demais, comer em excesso, entregar-se compulsivamente ao sexo ou usar drogas.

Desenvolver Independência (De 1 a 3 anos de idade)

A agitada idade de dois anos é conhecida como um período marcado pelas tentativas impetuosas de ganhar independência por parte das crianças. (O comportamento independente não costuma manifestar-se antes dos dois anos.) A essa altura, as crianças começam a aprender autodomínio, o que inclui o controle das funções intestinais e urinárias e a maneira de lidar com o mundo. Nesse estágio, as crianças aprendem a correr, comer sozinhas, beber usando um copo, arrastar brinquedos, abrir portas, subir em móveis e lavar e secar as mãos. Aos dois anos, são bastante obstinadas e exigentes e têm dificuldade para adaptar-se ou esperar para receber o que desejam. A maioria das crianças passa por essa fase, seja qual for o estilo de criação.

Durante essa fase do desenvolvimento, as crianças tendem a manifestar seu desejo de independência na hora de comer, dormir e usar o banheiro. Costumam demonstrar curiosidade sobre as partes do corpo, o que é normal. É um bom momento para os pais ensinarem nomes adequados para os órgãos genitais.

A fase turbulenta dos dois anos pode ser agradável se os pais tiverem a atitude correta. Podem ajudar sendo pacientes, permitindo que a criança aja de modo independente dentro de limites aceitáveis e oferecendo opções (ver a oitava sessão) como forma de evitar disputas pelo poder. Devem ter em mente que essa fase é temporária, mas significativa para a criança. Com auxílio e compreensão, ela adquirirá um senso de autodomínio que pode levar a um sentimento durável de auto-respeito e boa vontade.

Os pais devem arrumar a casa de modo que os filhos tenham espaço para correr e explorar o local sem se machucarem ou quebrarem nada. Os pais devem desfrutar a presença deles, passar tempo a seu lado, ensiná-los a jogar com os outros e ler para eles antes de dormirem. Devem ser firmes, porém amorosos, ao exercerem disciplina. Dizer “não” não exige uma explicação. Para as crianças nessa fase, “Porque eu disse” costuma bastar.

Quando os pais disciplinam os filhos nessa fase do desenvolvimento, ignorar o mau comportamento ou impor as devidas conseqüências em geral funcionam bem.

Esses primeiros anos de formação são o momento ideal para iniciar um ensino espiritual mais conseqüente.

Guiar as Iniciativas (De 3 a 6 anos de idade)

Nessa fase, as crianças têm excesso de energia e tentam aprender e dominar tarefas que lhes trarão a sensação de competência e conexão com seu mundo. As fantasias infantis costumam ser exageradas, envolvendo temas de poder e agressão, e podem levar a criança a sentir-se mal. Quando não há meios construtivos de extravasar esses impulsos, a criança pode sentir-se impotente, infeliz e ansiosa.

Com a idade de quatro anos, a maioria das crianças consegue saltar, manter-se ereta com um pé só, andar de triciclo, chutar uma bola e subir e descer escadas sem precisar de ajuda. Começam a brincar de modo cooperativo, fazem muitas perguntas e brincam de faz-de-conta.

As crianças dessa idade tendem a inventar histórias improváveis e até a acreditar no que imaginarem. Às vezes se comportam mal e desafiam seus pais; podem bater, chutar, quebrar coisas, usar linguagem vulgar ou sair correndo. Costumam ser surpreendentemente compreensivas quando os pais externam suas expectativas com clareza sem serem rígidos demais, oferecendo certa liberdade de ação.

Aos seis anos, a maioria das crianças consegue andar de bicicleta, amarrar os cadarços, fazer saltar uma bola e rebatê-la e contar até 100. Em geral, são agitadas e estão sempre ávidas por atividade. Suas emoções às vezes são oscilantes, e elas exprimem variações consideráveis de amor e ressentimento. Tendem a gostar de estar no centro das atenções, mas não têm uma idéia clara de quem são. Gostam de impor sua vontade. Podem ser insolentes e questionadoras ao receberem ordens.

Muitas crianças nessa fase têm pesadelos. Às vezes não conseguem escolher entre duas coisas porque querem ambas. Fazer prevalecer sua vontade é importante para elas.

Os pais podem ajudar sendo pacientes e amorosos, usando de firmeza e ao mesmo tempo permitindo que os filhos testem a si mesmos dentro de limites definidos com precisão. Os pais devem estabelecer regras para criar uma estrutura para assistir à televisão, cumprir tarefas domésticas, fazer a lição de casa e ir para a cama. Devem administrar a disciplina de modo amoroso e carinhoso, oferecendo escolhas e conseqüências ao lidarem com problemas de comportamento. Os pais devem passar o máximo de tempo possível com os filhos, ler para eles e mostrar interesse por suas atividades em casa e na escola. Devem planejar tempo para as crianças fazerem descobertas, correrem ao ar livre e brincarem com outras crianças.

Aprender a Trabalhar (De 6 a 12 anos de idade)

Essa fase começa quando a criança entra na escola e continua até o início da adolescência. A criança sente prazer e desenvolve autoconfiança ao aprender, tirar boas notas e desenvolver habilidades. Integra uma cultura social mais ampla e se sente aceita e produtiva quando se considera à altura das pessoas a sua volta. Ao comparar-se com os outros e achar que não é tão boa quanto eles, costuma sentir-se inferior. O impacto dessa fase é significativo. Aquelas que se tornarem empreendedoras em geral enfrentarão as dificuldades da vida com otimismo. Já as que não se tornarem se entregarão, em alguns casos, a comportamentos destrutivos.

Aos oito anos, as crianças em geral sabem escrever e costumam ter senso de humor. Têm noção do certo e do errado. Tendem a ser muito ativas e sociáveis e têm um melhor amigo. Querem abarcar e desafiar o mundo.

Nessa idade, a maioria das crianças gosta de ajudar nas tarefas domésticas, o que lhes traz uma sensação de importância e realização. Não gostam de receber ordens, mas em geral atendem às solicitações dos pais.

Aos dez anos, começa a pré-adolescência. As crianças tendem a ser calmas, dóceis e de fácil convívio. Em geral, são comunicativas, solícitas, diligentes e prestativas em casa. Valorizam os pais e a opinião dos amigos. Gostam de atividades em grupo na Igreja e na escola.

Aos doze anos, muitas meninas entram na puberdade. De modo geral, essas crianças convivem bem no lar e na escola, mas algumas passam por alterações bruscas nas emoções e comportamento, comportando-se ora como crianças, ora como adolescentes, alternando comportamentos responsáveis e irresponsáveis, desafiando regras e seguindo-as. A aparência ganha importância. As amizades podem mudar abruptamente.

As transformações físicas são importantes, sinalizando para essas crianças que estão tornando-se como seus amigos que também passam pela fase de crescimento. A preocupação com a aparência leva algumas delas, principalmente as meninas, a desenvolver distúrbios alimentares (anorexia ou bulimia). A maioria dessas crianças continua a fazer amizades com membros do mesmo sexo. Contudo, mudanças bruscas na amizade costumam causar mágoa.

Os pais podem ajudar os filhos a ter o desejo de superar-se e atingir seu potencial quando se interessam pelas atividades deles e reconhecem o que fazem bem. Devem participar de projetos e atividades com as crianças e ajudá-las a concluírem-nos com sucesso. Devem reservar tempo para ouvi-las, ajudá-las a resolver problemas e ensiná- las a solucionar conflitos. Sempre que possível, devem assistir aos eventos de que os filhos participarem.

Os pais devem envolver os filhos na criação das regras familiares, com plena consciência das expectativas, limites e conseqüências. Devem dar aos filhos responsabilidades de trabalho cada vez maiores e limitar o tempo passado em frente à televisão.

Os pais precisam ter um cuidado especial com a influência dos meios de comunicação sobre os filhos nesta fase. Revistas de moda podem transmitir uma idéia errônea de beleza às meninas e os videogames podem induzir as crianças à violência e à imoralidade. Os pais devem conversar com os filhos sobre as idéias que estão recebendo da mídia e fornecer ensinamentos que corrijam os equívocos. Os pais também devem procurar conhecer os amigos dos filhos e incentivar os filhos a convidaremnos a brincar em casa. Os pais não devem criticar os amigos dos filhos.

Durante essa fase, os filhos estão mais propensos a aceitar o auxílio dos pais do que em fases posteriores. Os pais devem encarar os problemas e desafios como oportunidades para ajudar. (Os conselhos da quarta sessão serão úteis.) Os pais devem expressar amor pelos filhos com freqüência, encorajá-los e elogiar suas vitórias. Embora devam incentivá-los a serem trabalhadores, devem protegê-los para que não cometam excessos. As metas devem ser realistas e alcançáveis e não devem interferir nas metas e expectativas familiares.

Os pais devem incentivar os filhos a terem interesses proveitosos e fazerem amizades fora de casa. Devem respeitar a privacidade dos filhos e ter expectativas realistas quanto à observância das regras.

Buscar Independência e Identidade (De 12 a 18 anos de idade)

Com a chegada da puberdade, o corpo das crianças muda rapidamente. Surgem impulsos sexuais. Elas querem estar em igualdade com os outros e tornar-se independentes, principalmente em relação aos pais; ao mesmo tempo, valorizam a segurança e o conforto de um lar estável.

Durante essa fase, as crianças vêem a si mesmas tornarem-se adultas e começam a questionar-se sobre como e onde se encaixarão na sociedade. O principal objetivo nessa fase de desenvolvimento é estabelecer a noção de identidade e achar um lugar no mundo dos adultos.

Aos 14 anos, os jovens, na maioria dos casos, sentem-se inseguros consigo mesmos, com seu corpo e com a atitude dos outros em relação a eles. Tendem a ser idealistas, impulsivos, excessivos e imediatistas. Costumam ser egocêntricos, temperamentais e polêmicos, entrando em conflito com os pais, a quem consideram antiquados.

A essa altura, a puberdade está em curso para quase todos e já concluiu o ciclo no caso de algumas meninas. Os jovens dessa idade miram-se nos amigos para determinar o comportamento socialmente aceitável. Embora em geral não gostem de ser vistos em público com os pais, no fundo ainda os amam e sentem-se ligados à família.

Aos 16 anos, os adolescentes, em sua maioria, tendem a estar mais descontraídos e à vontade na presença dos familiares. Em geral, estão mais seguros em relação a sua identidade, mas continuam vacilantes quanto aos valores e crenças a seguir, buscam um autoconhecimento mais profundo. São sensíveis a regras sociais e tendências de grupo. Pode ser que continuem a desafiar as regras e questionar a autoridade.

Às vezes os pais se sentem ameaçados quando os filhos adolescentes buscam independência. Em vez de sentirem-se intimidados, devem tentar sentir gratidão pelo desejo de auto-suficiência dos filhos. Devem abrir mão do controle gradualmente, permitindo que os adolescentes passem pouco a pouco a tomar decisões relativas a sua própria vida. Os pais ainda podem fazer uso de limites e conseqüências quando o comportamento for inaceitável.

Os pais devem incentivar os filhos a pensarem por si mesmos. Devem esforçar-se para aceitar suas peculiaridades sem ficar na defensiva nem demonstrar rejeição. Devem manter a calma e a coerência ao confrontarem-se com a impetuosidade e dramaticidade deles.

Os pais devem estar sempre à disposição para escutar quando os filhos se mostrarem propensos a conversar, oferecendo sugestões para ajudá-los a pôr sua vida em ordem. Devem prestar atenção a sinais de tristeza e depressão nos filhos. Devem ouvir as dificuldades e desafios que eles enfrentarem e ensiná-los a lidar com a pressão dos amigos.

Os pais não devem ficar ofendidos se os filhos não quiserem sua companhia. Contudo, devem demonstrar que esperam obediência às regras da família, sem esperar a perfeição. Devem usar de sabedoria ao determinarem quais normas fundamentais devem ser seguidas à risca, impondo as conseqüências quando necessário.

Nessa fase do desenvolvimento, os adolescentes, antes inseguros, tornam-se jovens adultos confiantes, com uma noção clara de sua identidade, propósito e direção pessoal. A autoconfiança costuma surgir quando os adolescentes se sentem aceitos, capazes e preparados para o futuro.

Os adolescentes que não se sentem capazes nem aceitos tendem a sentir-se confusos e inseguros consigo mesmos e em relação a seu papel e valor na sociedade. Pode ser que encarem seus pais como um obstáculo à independência que começa a despontar. Podem tornar-se desrespeitosos, ingratos, rebeldes e hostis. Alguns buscam o sentimento de aceitação identificando-se com círculos exclusivos, gangues ou heróis juvenis.

Sinais de Problemas Sociais, Emocionais ou no Desenvolvimento

Os sinais de advertência a seguir indicam a possibilidade de problemas sociais, emocionais ou no desenvolvimento. Um filho que manifestar qualquer um desses sinais ou sintomas pode precisar do auxílio especializado de um pediatra ou conselheiro profissional.

Aos dois anos

  • Não sabe andar.

  • Não consegue fazer frases com duas palavras ou usar pelo menos 15 palavras.

  • Não sabe usar objetos comuns, como pente, copo ou colher.

  • Não consegue empurrar um brinquedo com rodas.

Aos quatro anos

  • Manifesta um sinal de advertência ou sintoma da faixa etária anterior.

  • Baba constantemente.

  • Fala de modo confuso.

  • Não consegue compreender instruções simples.

  • Mostra pouco interesse pelos outros.

  • Tem grande dificuldade para separar-se da mãe.

  • Não participa de jogos de faz-de-conta.

Aos seis anos

  • Manifesta um sinal de advertência ou sintoma de uma faixa etária anterior.

  • Não sabe andar de bicicleta.

  • Não consegue lançar uma bola na altura do ombro.

  • Chora e agarra-se aos pais quando eles se afastam.

  • Não mostra interesse algum em interagir e brincar com outras crianças.

  • É incapaz de controlar-se quando zangado ou aborrecido.

  • Recusa-se a vestir-se, ir dormir ou usar o banheiro.

  • É hiperativo a ponto de comprometer o desempenho escolar.

  • Não se relaciona com outras crianças; não tem amigos.

  • Urina ou defeca na cama.

  • É obeso.

  • Tem pesadelos constantes.

  • Apresenta excesso de agressividade (discute ou briga).

  • Demonstra medo exagerado.

Aos oito anos

  • Manifesta um sinal de advertência ou sintoma de uma faixa etária anterior.

  • Não consegue ler as horas.

  • Tenta evitar a escola ou tira notas ruins.

  • Desobedece, insurge-se e é insolente.

Em qualquer idade

  • É incapaz de falar no nível esperado (tem vocabulário limitado ou comete erros nos tempos verbais; não consegue recordar palavras ou fazer frases nem usar os sons corretos; gagueja).

  • Não consegue cuidar de si mesmo no nível esperado.

  • É incapaz de manter relacionamentos com as pessoas (não mantém contato visual, não faz expressões faciais e não partilha interesses — a base dos relacionamentos sociais).

  • Não tem um bom desempenho escolar.

  • É incapaz de cumprir tarefas ou participar de atividades de lazer no nível esperado.

  • Não consegue seguir a contento práticas necessárias para uma boa saúde e segurança.

  • Não consegue ler, escrever ou fazer contas no nível esperado.

  • Não consegue andar, engatinhar, sentar-se, segurar objetos ou correr no nível esperado.

  • Tem dificuldade para concentrar-se, parece não ouvir, não consegue seguir instruções, tem problema para organizar-se, desconcentra-se facilmente ou tem memória fraca.

  • Agita-se, inquieta-se, não consegue ficar sentado na cadeira na escola, corre ou salta excessivamente, fala demais, responde a perguntas abruptamente, interrompe, intromete-se.

  • Perde a calma ou inicia altercações; resiste aos pedidos dos pais.

  • Está sempre zangado e ressentido; culpa os outros por seus erros.

  • Intimida e ameaça os outros ou envolve-se em brigas.

  • Destrói objetos alheios, rouba ou quebra regras.

  • É cruel com os animais e com as pessoas.

  • Força os outros a atividades sexuais.

  • Não come adequadamente e não ganha peso ou sofre uma perda significativa de peso.

  • Apresenta tiques (movimentos corporais involuntários ou sons recorrentes, rápidos ou repentinos).

  • Preocupa-se ou mostra-se angustiado quando se distancia de casa ou dos pais ou quando prevê uma separação iminente.

  • Está deprimido (os sintomas incluem tristeza ou desânimo, incapacidade de achar prazer nas atividades, isolamento, sentimento de culpa e inutilidade, apatia, dificuldade para pensar e concentrar-se, falta de energia, pensamentos e sentimentos suicidas).

  • Demonstra ansiedade (parece nervoso, tenso, amedrontado, assustado, aterrorizado; pressente perigos; tem dificuldade para respirar ou dor no peito).

Expectativas Realistas

A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze ensinaram: “Na esfera pré-mortal, os filhos e filhas que foram gerados em espírito (…) aceitaram [o plano de Deus], segundo o qual Seus filhos poderiam obter um corpo físico e adquirir experiência terrena a fim de progredirem rumo à perfeição, terminando por alcançar seu destino divino como herdeiros da vida eterna”.5 Para a maioria das pessoas, esse progresso inclui as fases da primeira infância, infância, adolescência e idade adulta. Os pais podem ajudar seus filhos a passarem sem sobressaltos por essas fases, preparando-os para os desafios da vida. Nesse processo, as expectativas realistas e o progresso gradual devem ser os princípioschave. Os pais devem procurar conhecer seus filhos e valorizá-los como seres únicos. Ao fazerem isso, mostram-lhes o amor que o Pai Celestial tem por todos nós.

Reação ao Comportamento

Os pais que amarem seus filhos e procurarem conhecê-los como pessoas estarão mais aptos a reagir de modo adequado ao comportamento deles. São mais capazes de ensinar- lhes princípios corretos.

Muitas vezes, os filhos comportam-se de maneira que desagrada aos pais, como chupar o dedo, subir onde não devem e exagerar ao falar. Esses comportamentos às vezes estão ligados a fases de desenvolvimento e são abandonados à medida que as crianças amadurecem. Ao saberem que os filhos crescem e se desenvolvem, os pais se sentirão menos culpados e preocupados diante desses atos. Os pais também poderão reagir de modo mais eficaz.

Os pais às vezes reforçam comportamentos indesejáveis ao punirem, ridicularizarem ou recriminarem o filho. Esse tratamento de forte carga emocional chama uma atenção indevida para o comportamento, o que pode levar a criança sentir-se mal, hostil ou excessivamente curiosa quanto ao comportamento. Uma resposta extrema à criança que chupa o dedo, por exemplo, às vezes leva o filho a persistir na prática. Contudo, quando os pais reagem de modo natural ou mesmo ignoram o comportamento, é mais provável que a criança o abandone quando ele não mais tiver razão de ser.

Uma ênfase excessiva no comportamento adequado para cada idade também pode ser contraproducente, incentivando a criança a repetir o comportamento em excesso, mesmo de modo inseguro. Os pais que, por exemplo, se empolgam demais quando uma criança tenta subir pelos móveis (“Que gracinha!”) podem incentivar um comportamento potencialmente perigoso.

Os adolescentes tendem a esquivar-se do convívio familiar e criticam muito os pais. Os pais que levarem essas atitudes para o lado pessoal, sentirem-se rejeitados e tentarem impor controle podem levar o filho a rebelar-se, prejudicando assim seu progresso nessa fase. No entanto, quando os pais encaram o comportamento do filho com serenidade e sem se preocuparem indevidamente o permitem passar sem atropelos pela fase da adolescência. Em geral, os filhos aceitam melhor os pais ao aproximarem- se da idade adulta.

Procurar Conhecer Cada Filho

A melhor maneira de os pais conhecerem os filhos — seus gostos e aversões, esperanças e temores — é passar algum tempo ao lado deles. Podem estar juntos todos os dias na oração familiar e no estudo das escrituras. Podem trabalhar em conjunto e ter conversas simples e agradáveis. Os pais podem envolver os filhos em atividades de grupo como ir ao parque, construir uma casa no alto de uma árvore, dar um passeio de carro, fazer uma caminhada, plantar uma horta e cuidar dela e participar de jogos. Muitas vezes, as atividades mais agradáveis são as menos dispendiosas.

Os pais devem passar algum tempo individualmente com cada filho, permitindo quase sempre que ele escolha as atividades que farão juntos. Os diálogos travados nessas ocasiões devem girar em torno dos interesses do filho.

Notas

  1. A Liahona, janeiro de 2000, p. 7.

  2. Conference Report, outubro de 1977, p. 64; ou Ensign, novembro de 1977, p. 43.

  3. Ver William Sears e Martha Sears, The Baby Book: Everything You Need to Know about Your Baby from Birth to Age Two (New York: Little, Brown & Company, 1993), p. 536.

  4. Algumas informações desta sessão foram adaptadas de Erik H. Erikson, Childhood and Society (New York: Norton, 1963), pp. 247–263; Frances L. Ilg e outros, Child Behavior (New York: Harper & Row, 1981), pp. 12–46; e Louise Bates Ames e outros, Your Ten-to-Fourteen-Year-Old (New York: Dell, 1988), pp. 21–180, 318–323.

  5. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49.