Eu não cheguei até aqui, para apenas terminar aqui

Durante uma das minhas transferências mais desafiadoras como missionária em Ruanda, lembro-me que registei tudo o que estava sentindo no momento, em meu diário e concluí minha entrada com esta afirmação: “Não cheguei até aqui, para apenas terminar aqui”—Tom Brady¹.

Ao lembrar dessa memória distante e aparentemente pequena da minha missão, percebi que, na verdade, continuei inconscientemente a aplicar aquela afirmação em muitos aspetos da minha vida.

Por exemplo, quando cheguei ao ponto de me matricular para estudar para a licenciatura que escolhi, para apenas sentir que talvez não tenha o necessário para fazê-la, sou lembrada de continuar a trabalhar. Quando cheguei ao ponto de aceitar um chamado na ala e ter sido designada, apenas para mais tarde sentir que realmente tenho muito fardo nos meus ombros, sou lembrada de manter minha palavra e prestar esse serviço de qualquer forma. Quando cheguei a sentir uma fração do poder redentor da Expiação de Jesus Cristo, somente para cometer erros que me trazem grande tristeza, sou lembrada de arrepender-me, independentemente de quão perdida me sinto.

É sempre nesses momentos cruciais que me esqueço de quão longe o Senhor me trouxe, porque estou sobrecarregada com o quanto ainda tenho que passar, que o relato em João 6 torna-se extremamente relevante para mim. O Salvador havia acabado de ensinar a respeito de Ele ser o verdadeiro pão do céu, o que foi um ensinamento desconfortável para muitos, porque “desde então muitos de seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele.

Então disse Jesus aos Doze: Quereis vós também retirar-vos?

Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.

E nós cremos e sabemos que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”². Imaginar o Salvador fazendo-me essa pergunta leva-me a considerar meus caminhos e a desejar continuar adiante. Até Pedro entendeu que não poderia ter ido tão longe com Jesus Cristo apenas para afastar-se em um momento de inconveniência pessoal ou falta de entendimento.

Olhando para trás, pergunto-me se eu teria aprendido esse importante princípio de perseverança se não tivesse sido uma missionária lutando para superar seus desafios e, de alguma forma, algo me diz, provavelmente não. Duvido que a afirmação em meu diário me tivesse afetado da maneira que o fez se tivesse lido e escrito em circunstâncias diferentes. O profeta Joseph Smith sentiu as palavras em Tiago 1:5 penetrando o seu coração porque, naquele momento, ele estava passando por algo que o preparou para receber verdades eternas. Cheguei a entender que existem verdades eternas a serem encontradas e aprendidas quando nos esforçamos para fazer a vontade do Senhor, por mais difícil que seja. Servir uma missão para mim não foi um sacrifício, porque não perdi nada e ganhei tudo. Eu pensei que deixar minha família por 18 meses fosse um grande sacrifício, mas voltei e, pessoalmente, acho que minha avó me ama mais porque ela percebeu como a casa é entediante sem minhas conversas constantes e dramas ocasionais. Minha educação, meus amigos, meus passatempos, minhas mídias sociais etc, todas essas coisas foram restauradas para mim, mas foram duplicadas porque agora elas vêm com experiências santificadoras da missão que me ajudam a discernir os ataques do adversário oculto nelas.

O adversário, o inimigo da verdade, procura desacreditar as bênçãos de servir em uma missão aos missionários em perspectiva, atuais e retornados, porque sabe que essas experiências levam os filhos de Deus mais longe do que estão agora. Testifico que não chegamos até aqui no plano de salvação para apenas terminar aqui. O Salvador Jesus Cristo está disposto a nos levar deste mundo telestial para o celestial. Mas o seu escopo de interesse não se limita àqueles que estão aqui. Coletivamente, estende-se àqueles que não conhecem o Seu evangelho restaurado e, individualmente, estende-se às nossas famílias eternas. Oro e espero que nenhum de nós afaste-se das promessas que fizemos ao nosso Salvador Jesus Cristo. Eu O amo, amo Seu evangelho e sou grata pela autoridade do sacerdócio que foi restaurada em nossos dias.