História da Igreja
11. Servimos a um Deus justo: Zina D. H. Young


“11. Servimos a um Deus justo: Zina D. H. Young”, Ao Púlpito: 185 anos de discursos proferidos por mulheres santos dos últimos dias, 2017, pp. 46–48

“11. Zina D. H. Young”, Ao Púlpito, pp. 46–48

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Servimos a um Deus justo

Sociedade de Socorro de Lehi

Tabernáculo, Lehi, Território de Utah

27 de outubro de 1869

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Zina D. H. Young

Zina D. H. Young. Por volta de 1867. Zina Young serviu como presidente geral da Sociedade de Socorro de 1888 a 1901. Ela foi também a primeira diretora do Templo de Salt Lake em 1893. Fotografia de Edward Martin (Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City).

Zina Diantha Huntington Jacobs Young (1821–1901) era conhecida por ter um “coração materno cheio de compaixão”. Ela discursou sobre maternidade para a Sociedade de Socorro de Lehi em 27 de outubro de 1869.1 Ela mantinha um relacionamento próximo com a mãe, Zina Baker Huntington, e com a irmã, Presendia Huntington Buell Kimball.2 Com o marido Henry Jacobs, teve dois filhos, Zebulon e Chariton, e com o marido Brigham Young, teve uma filha, Zina Presendia Young [Card].3 Ela também criou três filhos de uma das esposas de Brigham Young, Clarissa Maria Ross Young, depois que esta faleceu em 1858.4

Susa Young Gates, filha de outra esposa de Brigham Young, descreveu Zina Young como sendo o coração do trabalho das mulheres na Igreja.5 Zina Young expandiu o círculo de mulheres com quem se relacionava quando se uniu à Sociedade de Socorro de Nauvoo, na segunda reunião, em 24 de março de 1842, aos 21 anos de idade.6 Ela continuou a se reunir com as mulheres em Nauvoo mesmo depois que as reuniões da Sociedade de Socorro foram interrompidas em 1845.7 Em Winter Quarters, ela e algumas amigas se juntavam para orar e exercer os dons espirituais.8 Ela se tornou uma influência importante no desenvolvimento da Sociedade de Socorro em Utah, ajudando Eliza R. Snow a organizar e treinar novas presidências em 1868. Falar em público era uma experiência nova para Zina Young, assim como foi para muitas de suas contemporâneas, mas sua vasta experiência de vida e seu conhecimento dos ensinamentos da Igreja permeavam suas palavras pouco refinadas. Posteriormente, ela serviu como a terceira presidente geral da Sociedade de Socorro de 1888 até falecer, em 1901. Susa Young Gates relatou que a “irmã Zina sempre demonstrava amor e compaixão e as pessoas se aproximavam dela por causa de sua ternura”.9

A Sociedade de Socorro de Lehi, no Território de Utah, localizada a 50 quilômetros ao sul de Utah, foi organizada em 27 de outubro de 1868, sob a direção da presidente Sarah Coleman.10 Um ano depois, em 27 de outubro de 1869, a Sociedade de Socorro de Lehi comemorou seu primeiro aniversário no Tabernáculo de Lehi. Eliza Snow e Zina Young participaram das sessões da manhã e da tarde. O presidente Brigham Young, os apóstolos George A. Smith e Orson Pratt, e Joseph Young, do Quórum dos Setenta, chegaram no meio da sessão da tarde. O principal assunto da reunião foi sobre a maternidade. Eliza Snow falou sobre Eva e a responsabilidade das mulheres de gerar filhos.11 À tarde, Brigham Young ensinou sobre “os deveres das mães para com os filhos. (…) As mulheres são a força motivadora de todas as nações e, se quisermos saber como está uma nação, devemos olhar para suas mães”.12 Esse ensinamento teve um grande significado para as mães na congregação. Somente na presidência da Sociedade de Socorro, Sarah Coleman tinha oito filhos, Barbara Evans tinha 15 filhos, Martha Thomas tinha dez e Mary Ann Davis tinha oito.13 No discurso da sessão da tarde, apresentado aqui, Zina Young demonstrou empatia para com as irmãs que não tinham filhos, incluindo a secretária Rebecca Standring.14

Não estou habituada a falar em público,15 mas me sinto feliz por olhar daqui para o rosto de minhas irmãs16 e saber que estamos envolvidas nesta grande obra.17 Eu as exorto a serem fiéis no desempenho de seus deveres e eu diria às mães que cumpram seus deveres para com seus filhos, pois eles são bênçãos que Deus confiou aos seus cuidados. Às minhas irmãs que não têm filhos, eu diria, sintam-se consoladas. Servimos a um Deus justo e, se formos fiéis à Sua causa, nada nos será negado.18 Busquemos o Espírito de Deus, aprendamos a suportar todas as coisas e apoiar umas às outras e, se uma irmã nos procurar com suas dores e tristezas, não vamos deixá-la mais triste ainda, mas lembrá-la de que o Senhor não colocará sobre nós um fardo que não seremos capazes de carregar19 e, se suportarmos e vencermos todas as coisas, herdaremos também todas as coisas.20 Que Deus as abençoe e as guarde para sempre fiéis. Amém.

  1. E. B. [Emmeline B.] Wells, “Zina D. H. Young”, Young Woman’s Journal, 12, nº 6, junho de 1901, p. 254.

  2. Ver, por exemplo, Zina D. H. Young, “How I Gained My Testimony of the Truth” [Como recebi meu testemunho da verdade], Young Woman’s Journal, 4, nº 7, abril de 1893, pp. 317–319; Oliver B. Huntington, Diaries [Diários], vol. 9, 1843–1907, 16 de maio de 1848, p. 88, BYU; Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos importantes da história das mulheres santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, p. 655; “In Memoriam”, Woman’s Exponent, 20, nº 15, 15 de fevereiro de 1892, p. 117.

  3. Zina Young foi selada a Joseph Smith, em Nauvoo, Illinois. Depois da morte de Smith, ela se casou com Brigham Young (Richard Lyman Bushman, Joseph Smith: Rough Stone Rolling [Joseph Smith: Uma Pedra Bruta], New York: Alfred A. Knopf, 2005, pp. 439–440; Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 689. Para mais informações sobre casamento plural na década de 1840, ver “Plural Marriage in Kirtland and Nauvoo” [Casamento plural em Kirtland e Nauvoo], Tópicos do Evangelho, acesso em 8 de fevereiro de 2016, LDS.org).

  4. Maria, Willard e Phebe eram os filhos de Clarissa Young. Zina Presendia Young relatou como o pai dela pediu à mãe que cuidasse “desses pequeninos cuja mãe falecera. Minha mãe concordou e esse acontecimento mudou completamente a minha vida: de filha única e favorita, tive que compartilhar a afeição dela com essas três crianças, órfãs de mãe. Foi uma provação de várias maneiras, mas minha preciosa mãe me ensinou a ser altruísta e a agradecer a Deus por todas as Suas bênçãos e a não me queixar; e posso dizer que sou grata por ter seguido seu conselho, sem nunca mencionar a eles o fato de que minha mãe não era a mãe deles. Essa se provou a maior lição da minha vida e uma grande bênção” ([Emmeline B. Wells], “A Distinguished Woman: Zina D. H. Young” [Uma mulher notável: Zina D. H. Young], Woman’s Exponent, 10, nº 14, 15 de dezembro de 1881, p. 107; Martha Sonntag Bradley e Mary Brown Firmage Woodward, Four Zinas: A Story of Mothers and Daughters on the Mormon Frontier [Quatro Zinas: Uma história de mães e filhas na fronteira mórmon], Salt Lake City: Signature Books, 2000, p. 207; Augusta Joyce Crocheron, Representative Women of Deseret, a Book of Biographical Sketches to Accompany the Picture Bearing the Same Title [Mulheres Notáveis de Deseret, um livro de esboços biográficos para acompanhar a imagem com o mesmo título], Salt Lake City: J. C. Graham, 1884, pp. 122–123).

  5. Susa Young Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Deseret News, 1911, p. 21.

  6. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 24 de março de 1842, p. 16, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 38.

  7. Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], xxi; Zina D. H. Young, Diary [Diário], 1844–1845, 18 de junho de 1844; 4 de julho de 1844, Biblioteca de História da Igreja.

  8. Eliza R. Snow, The Personal Writings of Eliza Roxcy Snow [Os Escritos Pessoais de Eliza Roxcy Snow], editora Maureen Ursenbach Beecher, Logan: Utah State University Press, 2000, 1º de janeiro de 1847, p. 151; ver também [Wells], “A Distinguished Woman” [Uma Mulher Notável], p. 107.

  9. Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], p. 21.

  10. Ala Lehi, Estaca Utah, Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro], vol. 1, 1868–1879, 27 de outubro de 1869, p. 1, Biblioteca de História da Igreja.

  11. Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de 1869, pp. 26–30. Eliza R. Snow não teve filhos, mas era conhecida como “mãe em Israel” e falava com frequência sobre a divindade da maternidade (ver Susa Young Gates, “The Mother of Mothers in Israel” [A mãe de todas as mães em Israel], Relief Society Magazine, 3, nº 4, abril de 1916, pp. 189–190).

  12. Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de 1869, pp. 30–31.

  13. Sra. E. J. T., “Sarah Thornton Coleman”, Woman’s Exponent, 20, nº 21, 15 de maio de 1892, p. 168; Comitê Hamilton Gardner e o centenário de Lehi, Lehi Centennial History [História do Centenário de Lehi], 1850–1950, Lehi, UT: Free Press, 1950, pp. 371, 301, 242.

  14. Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de 1869, p. 30; Gardner, Lehi Centennial History [História do Centenário de Lehi], p. 297.

  15. No início, Zina Young e Eliza Snow tiveram dificuldades para falar em público. Quando Eliza R. Snow falou para a Sociedade de Socorro de Lehi na sessão da manhã, ela disse: “Sua presidente deseja que eu fale a vocês. Não me sinto capaz de fazê-lo, mas com sua fé, suas orações e com o Espírito do Senhor, talvez eu possa dizer algo que vai confortá-las e abençoá-las”. Treze anos mais tarde, depois que Zina Young adquiriu bastante experiência, Emmeline B. Wells elogiou sua habilidade de falar em público: “Se ela tivesse sido treinada como oradora e falasse sobre outros assuntos, certamente receberia muitos elogios entusiasmados e seria reconhecida como grande palestrante, mas, sendo apenas “mórmon”, ela se contenta com o amor de seu próprio povo. A ambição de fazer o bem aos outros a inspira a progredir, onde quer que o dever a chame para beneficiar as mulheres e os interesses de Sião. Ao seguir esse curso, ela encontra a sua maior felicidade” (Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de 1869, p. 26; Wells, “A Distinguished Woman” [Uma mulher notável], Woman’s Exponent, 10, nº 16, 15 de janeiro de 1882, p. 123).

  16. Eliza Snow disse na sessão da manhã: “Enquanto estava sentada aqui, fiquei olhando para o rosto de minhas irmãs e consigo ver neles a forma da Deidade” (Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de 1869, p. 26).

  17. Ela disse também: “Estive refletindo sobre o grande trabalho que temos que realizar, ou seja, ajudar na salvação dos vivos e dos mortos” (Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de 1869, p. 26).

  18. Eliza Snow ensinou: “Sabemos que o Senhor tem colocado grandes responsabilidades sobre nós e não há um desejo ou vontade que o Senhor tenha implantado em nosso coração em retidão que não será realizado” (Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de 1869, p. 27).

  19. Ver 1 Coríntios 10:13 e Alma 13:28.

  20. Ver Apocalipse 21:7.