História da Igreja
27. Saber agora o que é certo: Annie D. Noble


“27. Saber agora o que é certo: Annie D. Noble”, Ao Púlpito: 185 anos de discursos proferidos por mulheres santos dos últimos dias, 2017, pp. 111–113

“27. Annie D. Noble”, Ao Púlpito, pp. 111–113

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Saber agora o que é certo:

Conferência de junho da Associação de Melhoramentos Mútuos

Assembly Hall, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah

11 de junho de 1916

Ao falar em uma conferência da Associação de Melhoramentos Mútuos, em 1916, Annie Emma Dexter Noble (1861–1950), descreveu sua experiência de ganhar um testemunho pessoal do evangelho de Jesus Cristo; posteriormente ela escreveu: “Uma coisa é acreditar, outra é ter um conhecimento seguro.1 Ann Noble foi a décima dos treze filhos de Abigail Tryphosa Dick e Walter Dexter, em Friezland, Inglaterra, onde o pai era um habilidoso fabricante de renda.2 A família morou no Brooklyn, Nova York por dois anos e retornou para a Inglaterra, deixando Ann Noble aos cuidados de um amigo de sua congregação cristã local. Lá ela experimentou uma conversão pessoal a Jesus Cristo. Ela voltou para a família na Inglaterra quando estava com 17 anos.3

Casou-se com um batista, Abraham Noble, em 26 de maio de 1885, em Notthingham, Inglaterra, e eles tiveram sete filhos. Em 1906, Abraham ficou doente, com uma grave depressão, que o afetou fisicamente por muitos anos. O casal viajou pela Inglaterra e por fim, foram para os Estados Unidos, buscando ajuda médica. Certa vez, enquanto visitavam amigos em Gainsborough, na Inglaterra, os Nobles conheceram dois jovens missionários mórmons, um encontro que permaneceu na memória de Annie. Pouco tempo depois, no Brooklyn, ela orou fervorosamente para saber se o marido ficaria curado algum dia. Ela contou que ouviu uma voz dizendo: “Seu marido será completamente curado e deverá pregar o evangelho”. A experiência foi o marco de uma mudança transformadora. Não somente Abraham começou a melhorar, mas Annie Noble começou a buscar um contato maior com o divino. Cerca de dois anos e meio depois, um missionário mórmon deixou um folheto em sua casa, em Notthingham. Annie e uma das filhas foram batizadas em 5 de novembro de 1910, depois de dois anos de estudo do evangelho. O marido e as outras filhas foram batizadas 15 meses mais tarde.4 A família imigrou para Utah em 1912.5

Cerca de um ano depois da chegada da família a Utah, o bispo de Ann Noble a chamou para presidir a Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças (AMM-M) da ala. Ela lembrou: “Foi uma grande surpresa e senti minha profunda incapacidade; além disso eu achava que outras irmãs poderiam preencher esse chamado melhor do que eu”. A despeito de seus sentimentos de inadequação, o bispo insistiu e ela foi designada presidente da AMM-M da Ala 5 Ogden em 28 de outubro de 1914, onde serviu por sete anos.6

No chamado como presidente da AMM-M, Ann Noble participou em 1916 da conferência anual para líderes das Associações de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes e das Moças, realizada em Salt Lake City. A sessão da manhã de domingo foi uma reunião de testemunho, realizada no Assembly Hall na Praça do Templo.7 A ata da junta relata que “a reunião foi muito bem sucedida”, com a presença do presidente Joseph F. Smith, de Mattie Horne Tingey, presidente geral da AMM-M, e do superintendente da Associação de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes, Heber J. Grant.8 De acordo com a ata, “muitos prestaram fortes testemunhos sobre a obra do Senhor, e o espírito do evangelho foi muito apreciado pelos presentes, o Espírito Santo foi derramado em grande medida sobre aqueles que falaram e sobre os que ouviram”.9 O testemunho de 21 líderes de várias estacas, tanto de homens como de mulheres, foram publicados no Young Woman’s Journal, incluindo o da “irmã Noble, da Estaca Weber”.10

Meus irmãos e irmãs, sinto-me honrada por estar com vocês nesta manhã. Sinto que estou entre a aristocracia do mundo e estou profundamente impressionada com a beleza do semblante do povo de Sião.

Estou neste país há três anos e meio e sou membro da Igreja há quase seis anos. Sou grata por estar aqui em Sião e pelas grandes bênçãos que o Senhor tem derramado sobre mim.11 Em menos de seis anos, meus filhos e filhas entraram para o rebanho de Cristo, e cada um por sua própria investigação. Percebo que o conhecimento fundamental dos princípios do evangelho nos fortalece e hoje isso me deixa repleta de alegria. Posso testemunhar sobre a verdade, e sobre o conhecimento e o forte testemunho que meus filhos e meu marido possuem. Sou grata ao Senhor por nos ter chamado nesses dias para ver a luz do evangelho. É algo valioso para nós. Pertencemos por muitos anos à denominação batista, e devo dizer que, durante alguns anos, fui muito ensinada sobre o que se esperava de mim como cristã.12 E pensava comigo mesma: “Quanto mais devo fazer? Fiz continuamente o que eu sentia ser o certo, e, no entanto, eu tinha dúvidas, e pensava como seria maravilhoso saber definitivamente o que era esperado de nós, tanto em termos de serviço, quanto de recursos. E sinto-me feliz de ter agora o conhecimento do que é certo, não apenas sobre este assunto, mas sobre tantos outros que ficaram muito claros para mim e para todos nós.

Desejo prestar meu testemunho de que sei que este evangelho é verdadeiro, que sei que Joseph Smith foi um verdadeiro profeta do Senhor. Foi somente quase seis meses após me filiar à Igreja que consegui dizer que sabia que Joseph foi um profeta do Senhor. Eu costumava frequentar as reuniões nas casas dos membros todas as semanas em minha cidade natal, Notthingham,13 e quando ouvia os irmãos e as irmãs prestarem testemunho de que o profeta era um profeta verdadeiro do Senhor — eu sentia que o evangelho era verdadeiro e recebera um testemunho dele, mas oh, como eu gostaria de poder dizer que sabia que Joseph Smith era um profeta do Senhor. Parece estranho dizer que eu tinha um testemunho do evangelho mas ainda não tinha um testemunho dos servos com que o Senhor falara e revelara o evangelho, mas era isso o que acontecia comigo. Uma noite eu estava indo como de costume a uma dessas reuniões quando um desejo veio ao meu coração enquanto andava pela estrada, de que eu gostaria de declarar a meus irmãos e irmãs que Joseph Smith era um verdadeiro profeta do Senhor.14 Naquele momento parece que ouvi uma voz me dizendo: “Você pode dizer isso agora”, e eu pensei, “Sim, posso dizer que ele é um verdadeiro profeta do Senhor”. Foi essa a resposta que recebi, e segui para a reunião, onde declarei isso e o tenho declarado desde então, o testemunho que me foi dado instantaneamente.15

Minhas queridas irmãs, gostaria de dizer o quanto amo todas vocês. Amo minhas irmãs da Estaca Weber e todas as minhas irmãs. Meu coração é tocado quando olho no rosto das irmãs que geralmente não conheço pessoalmente e meu coração se enche de amor por elas, porque sei que são minhas irmãs na Igreja e oro para que o Senhor as abençoe e as mantenha obedientes. A obediência é algo muito importante. Oro para que o Senhor abençoe a todos, em nome de Jesus Cristo, Amém.

  1. Annie Emma Dexter Noble, “Some Sacred Experiences in the Life of Annie Emma Dexter Noble, 1931–1940” [Algumas Experiências Sagradas na Vida de Annie Emma Dexter Noble, 1931–1940], p. 14, Biblioteca de História da Igreja.

  2. Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], p. 1.

  3. A família Dexter era ativa na Igreja de Cristo na Inglaterra, mas quando moraram no Brooklyn, eles frequentaram uma igreja cristão do bairro, que tinha práticas semelhantes de adoração. Annie Noble registrou que aos 14 anos, ela ouviu Dwight L. Moody, um evangelista famoso, falar em uma congregação local no Brooklyn. Em seus esforços de obter um testemunho pessoal de Jesus Cristo, ela orou a Deus com fé, “e imediatamente foi como se uma pedra pesada tivesse sido tirada do meu coração e a sala se encheu com uma luz brilhante, e eu senti uma alegria e felicidade indescritíveis”. (Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 3–5, 38, 60–67.)

  4. Annie Noble filiou-se à Igreja Batista quando se casou. Depois de conhecer os missionários santos dos últimos dias, ela foi batizada nas termas de Nottingham em 1910; seu marido foi batizado nas termas de Leicester. (Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 8–13, 69, 71, 73, 80.)

  5. Os Nobles partiram de Liverpool e chegaram em Montreal. Ann Nobles lembra-se de quando recebeu uma impressão espiritual de que serviria missão e, de fato, o casal Noble retornou para sua cidade natal em Nottingham, Inglaterra, para pregar o evangelho, de 1920 a 1922. (Manifests of Passengers Arriving at St. Albans, VT, District through Canadian Pacific and Atlantic Ports, 1895–1954 [Manifestos de Passageiros Chegando ao Distrito de St. Albans, VT, pelos Portos Canadenses do Pacífico e do Atlântico] Records of the Immigration and Naturalization Service [Registros dos Serviços de Imigração e Naturalização], Publicação de microfilmes em arquivos nacionais, M1464, 27 de outubro de 1912; Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 26–28, 33–37.)

  6. Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], p. 33; Ala 15 Ogden, Estaca Weber, Young Women’s Mutual Improvement Association Minutes and Records [Registros e Atas da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], vol. 4, 1909–1915, 28 de outubro de 1914, p. 161, Biblioteca de História da Igreja.

  7. Os participantes foram instruídos a compartilhar seus sentimentos “sobre a divindade deste trabalho. (…) Desejamos ouvir breves testemunhos sobre a bondade do Senhor para com todos nós, como Seus filhos, como membros de Sua Igreja e membros dessas Associações de Melhoramento Mútuo.” (“Officers’ Notes” [Anotações dos Líderes], Young Woman’s Journal, 27, nº 10, outubro de 1916, p. 618.)

  8. Young Women General Board Minutes [Atas da Junta Geral das Moças], datilografado, vol. 8, 1914–1917, “Twenty-First General Annual Conference of the Y.M. and Y.L.M.I.A.” [Vigésima Primeira Conferência Geral Anual da AMM Rapazes e Moças], 8 a 11 de junho de 1916, p. 58, Biblioteca de História da Igreja.

  9. Young Men Minutes [Atas dos Rapazes], datilografado, vol. 16, 1916, “The Twenty-First General Annual Conference of the Y.M. and Y.L.M.I.A.” [Vigésima Primeira Conferência Geral Anual da AMM Rapazes e Moças], p. 100.

  10. “Officers’ Notes” [Anotações dos Líderes], pp. 618–629.

  11. Anos mais tarde, Ann Noble escreveu sobre os acontecimentos que levaram à sua conversão. Ela descreveu o medo e a confusão que sentiu antes de tomar a decisão de ser batizada e lembrou-se da voz da inspiração que deu paz à sua alma. Também descreveu as bênçãos recebidas pelo pagamento do dízimo e sua capacidade de encontrar bens perdidos, o que ela considerava ser um dom de Deus. (Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 75–78, 15–16, 20–22.)

  12. Ann Noble foi muito ativa na igreja Batista. “Cantei em muitos concertos e reuniões da Igreja, e era a soprano principal do coro da Igreja Batista”, ela relembra. Quando ela ponderou sobre a possibilidade de se filiar à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, preocupou-se com a possibilidade de ofender seu marido, sua família e seus amigos que permaneceram batistas fiéis. (Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 29, 76–77.)

  13. Depois do batismo, Ann Noble continuou a frequentar os serviços matutinos da igreja Batista com o marido e depois, ia às reuniões vespertinas dos santos dos últimos dias. (Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 78–79.)

  14. Ela registrou: “Alguns podem achar estranho que uma pessoa filie-se à Igreja Mórmon sem um testemunho de que Joseph Smith foi um profeta verdadeiro. Contudo, no meu caso, eu acreditava sinceramente que Joseph Smith fora autorizado para estabelecer esta Igreja; de outro modo, eu não poderia ter-me filiado a ela”. (Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], p. 14.)

  15. Ela contou também esta experiência que está registrada em sua autobiografia: “Na primavera, depois de me filiar à Igreja em novembro passado, eu estava caminhando pela estrada, a caminho da reunião na casa de alguns irmãos, por volta das sete e meia da noite. Eu estava sozinha. A brisa estava suave e as árvores que cresceram ao longo da estrada por um quilômetro e meio estavam verdes e frescas. Um anseio suave de saber com mais certeza algo que eu já sabia tomou meu coração e elevei a Deus um desejo sincero e uma oração para que, como os outros santos, eu pudesse falar na reunião com os irmãos, que eu também sabia, sem dúvida, que Joseph Smith foi um profeta de Deus. Rapidamente, o Espírito sussurrou-me: “Você realmente sabe”, e desde então, eu sei! Enquanto continuava a caminhar, entendi, como nunca antes havia entendido, o significado das palavras de Cristo a Nicodemos: ‘O vento sopra onde quer, e ouves sua voz; porém não sabes de onde vem nem para onde vai; assim é com todo aquele que é nascido do Espírito’. Mãos foram colocadas sobre mim para que eu recebesse o Espírito Santo, desse modo sendo nascida do Espírito e tendo o direito (apenas não sei como) de receber um conhecimento seguro!”. (Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], p. 14.)